Dom Aquino Corrêa: Escola do Panambi completa 72 anos na missão de educar

Uma história de amor que perdura firme e forte pelo passar dos anos. Neste dia 4 de março de 2021, a atual Escola Municipal Dom Aquino Corrêa, do distrito de Panambi, no município de Dourados, completou 72 anos de existência, cumprindo sua função social em atender aos alunos do campo com ensino de qualidade.

A origem do nome do distrito douradense, local onde a escola funciona, é um termo da língua indígena Tupi, que significa “rio das borboletas”, através da junção dos termos Panama  – referindo- se a borboleta – e y, que quer dizer rio.

Durante as décadas de 1940, 1950 e 1960, o município de Dourados foi marcado pelo acolhimento de muitas pessoas com culturas diferentes, que fixaram suas residências, constituindo desta forma, a pluralidade cultural por meio da implantação da Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND) e da Colônia Agrícola Municipal de Dourados (CAM). Portanto, conclui-se que a população de Dourados é constituída por inúmeros grupos que fizeram e fazem parte de um fluxo imigratório, sendo estes povos de inúmeras partes do País e do exterior, que ajudaram e ajudam na construção do município.

A fundação de uma escola na zona rural de Panambi pertence a um marco histórico importante da fundação do município de Dourados, em momento de clímax do crescimento populacional por meio da criação das colônias agrícolas.

A primeira professora contratada para exercer a função na ‘Escola do Panambi’, na zona rural de Panambi, foi Carmem de Matos Soares, de acordo com o decreto n.° 32 de 04 de março de 1949, da Colônia Agrícola Municipal de Dourados. Desde então, os moradores da região do distrito do Panambi tem uma escola para educação de seus filhos.

Segundo o depoimento da professora Maria de Oliveira Souza, nos anos de 1950 a 1960, ela foi lotada para trabalhar na escola do Panambi.  “Passei e fui contratada pela administração da colônia para dar aulas no Colégio Panambi, morava num lote a cinco quilômetros da escola próximo ao Rio Rum (Rio Preto)”, relata, acrescentando que neste período muitos alunos moravam longe e o transporte era feito por meio de carroças, charretes, cavalos e de bicicletas.

COM A ESCOLA VEIO O DISTRITO

A implementação da ‘Escola do Panambi’ possibilitou uma mobilização de gênese dos moradores, reivindicando a instituição de uma sede. Assim, foi criado o ‘Distrito de Panambi’, oficializado por meio das leis nº. 1.202 e nº. 1.207, de 27 de dezembro de 1958.

Já nos anos de 1960, a ‘Escola do Panambi’  passou a ser chamada de “Escola Reunida”. Construída pelos moradores com auxílio logístico da administração da CAND, era de madeira da própria região (madeira de lei e cheia de detalhes). Os salários e custeios eram pagos pela CAND até sua extinção no final do ano de 1969, passando os custeios para a Prefeitura Municipal de Dourados.

Na década de 1970, o estabelecimento  de ensino passou a ser chamado de “Escola Dom Aquino Corrêa”, com um novo prédio de alvenaria, realizada na gestão do governador José Fragelli e do prefeito João da Câmara. Nessa mesma época, o Governo do Estado passa a ser o mantenedor da instituição.

O nome atual da escola foi dado no ano de 1970 como uma forma de homenagear o poeta, governador e bispo de Mato Grosso. Dom Aquino destacou-se, desde cedo, na Igreja, na política e na literatura, tendo sido o primeiro autor das terras do Mato Grosso a fazer parte da Academia Brasileira de Letras.

MISSÃO RECONHECIDA

No ano de 2012, a escola foi municipalizada, sendo a mantenedora a Prefeitura Municipal de Dourados. Uma escola de referência no estado reconhecida pela qualidade de ensino.

O ex-aluno José Pedro (2009-2017), afirma que todos os seus pais estudaram na escola. “Uma afetividade de extrema importância, dentro de uma região de agricultores, uma escola de qualidade e de boa formação”, diz o estudante, que ingressou em primeiro lugar no curso de medicina da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

A ex-aluna Andressa (2008-2018), estudante de engenharia civil da UFGD, relata que estudou do pré ao 9º ano do Ensino Fundamental II na Escola Dom Aquino e garante que a escola tem profissionais competentes e mantém um ótimo ensino, além de reconhecer a importância da escola em sua formação nos primeiros letramentos e tem muita gratidão pelos professores da escola.

Os alunos formados na Escola Dom Aquino, de Panambi, em sua maioria vêm do campo, de assentamentos, das fazendas, da agricultura, da criação de animais. Uma trajetória construída com muita dedicação, obstáculos e barreiras, mas que superaram todas as dificuldades e, atualmente, são profissionais da zona urbana que estão na labuta para construir um país benemerente para a sua população.

ENSINO DE QUALIDADE

Alunos com aula de campo em foto de 2019

Segundo Rosana Cherigatti, diretora da Escola Dom Aquino, a instituição prima pela qualidade, valorizando o direito das pessoas, respeitando a diversidade, criando mecanismos de participação social, política e cultural, incentivando a solidariedade, cidadania, democracia e inclusão social. A diretora afirma que a participação da comunidade indígena do pré ao 9º ano, busca romper as barreiras da discriminação e preconceitos, acentuando a participação efetiva dos indígenas na escola.

Claudia Marinho Carneiro Noda, coordenadora da escola, reforça que no aspecto da aprendizagem, pauta-se na sensibilização dos educandos para novas formas de convivência humana, na solidariedade, no respeito às diferenças e aos valores culturais essenciais para a formação de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. “Possibilitando, assim, a formação de um indivíduo atuante e que possa contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e humanizada”, assinala.

A diretora Rosana em pronunciamento no ano de 2019

DESAFIO NA PANDEMIA

No ano de 2020, a estrutural mundial toda foi movida para uma nova realidade emergencial, não excluindo a escola, o meio educacional teve que rever seus planos de ensino e sua metodologia didática para comportar um ensino de qualidade mediante a nova realidade que a pandemia de Covid-19 trouxe.

No Panambi, as aulas foram suspensas no dia 17/03/2020, o calendário escolar foi interrompido e todo o trabalho foi direcionado por meio de Atividades Pedagógicas Não Presenciais. Assim para ajustar-se à nova realidade escolar, um novo calendário foi publicado instituindo o retorno das atividades educacionais para o dia 01/06/2020 no qual contemplou letivo todos os sábados até 19/12/2020. A professora  coordenadora Eunice Paes, comenta que a maioria dos alunos da Escola Dom Aquino Corrêa corresponde aos objetivos propostos. Porém, com as aulas presenciais suspensas no início do ano letivo e o novo andamento de aulas mediante as Atividades Pedagógicas Não Presenciais (APNs), o rendimento dos alunos sofreu um grande impacto.

Eunice pondera que a ausência do professor lado a lado diariamente durante as aulas foi um grande desafio para todo o corpo escolar, comportando professores, diretores, funcionários, alunos e responsáveis.  Apesar do material (APNs) ser preparado com excelência e dedicação dos professores que se reinventaram buscando uma metodologia que atendesse o nível de escolarização e a diversidade sociocultural dos pais e responsáveis para que pudessem acompanhar os filhos nas atividades, da disponibilidade diária dos professores no atendimento remoto, é certo que o conteúdo aprendido pelos alunos nos traz grandes incertezas”, observa a coordenadora.

A educadora ressalta ainda que muito do processo ensino-aprendizagem se deu com o apoio das famílias que estiveram presentes na rotina escolar dos filhos e que, independente do nível de escolarização dos pais e responsáveis, onde uma grande parcela tem mínima formação, muitos se comprometeram da melhor maneira, ainda que com todas as dificuldades na rotina doméstica, de trabalho secular, enfermidades e tantas outras situações adversas.

“Merecedores de todo reconhecimento, as famílias dos nossos alunos indígenas que sem acesso as atividades via e-mail ou de aplicativos pela falta de telefones e internet, receberam material impresso, mesmo que a  grande maioria resida na aldeia, uma distância considerável da escola, tendo como único meio de locomoção uma bicicleta e muitas vezes nem isso, estavam religiosamente na escola (a cada APN – quinzenal) para devolver as atividades preenchidas e retirar o novo material, culminando ao índice tão positivo que a escola alcançou, 95% de aprovações”, enfatiza Eunice.

De acordo com relatos do corpo docente da Escola Dom Aquino, fazer parte de uma escola do campo traz grandes benefícios, pois as salas de aulas tem um quantitativo menor de alunos que permitem oferecer um atendimento de maior qualidade, dispor de um tempo maior. “Esperamos que esse momento de distanciamento social passe e em breve possamos voltar a sala de aula para seguirmos com o trabalho de qualidade que a equipe Dom Aquino tão bem realiza”, exclama.

 

2 thoughts on “Dom Aquino Corrêa: Escola do Panambi completa 72 anos na missão de educar

  • 13/03/2021 em 23:05
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    Parabéns Escola Municipal Dom Aquino Corrêa – Distrito do Panambi. Temos orgulho de fazer parte desta Unidade. Rosana ( Diretora) é uma verdadeira capitã e uma heroína por lutar tanto pela escola. Parabéns aos Professores em nome de todos parabenizo ao Anderson e ao Carlos Amarilha pelo grandioso empenho na produção de material escrito e de vídeo.

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  • 14/03/2021 em 9:49
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    Escola querida!! Boas lembranças deste lugar, dos amigos, professores..estudei do pré ao terceiro ano (1995-2007) alegria de olhar e ver que grande parte da mesma turma perrmaneu junto em todos esse anos de escola!! Parabéns Dom Aquino e a todos que fazem parte desta história.

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