Professora jateiense pinta as belezas do Pantanal

Elza contempla o livro de Manoel de Barros que deu origem à coleção “O Banquete das Águas”

Nos 20 anos do poema “Águas”, do mato-grossense Manoel de Barros, a professora  e artista jateinse, Elza Nogueira, revela a intenção de fazer uma nova versão de sua coleção “O Banquete das Águas”, inspirada na obra de Barros, lançada em 2001, em parceria com a Companhia de Saneamento do Estado (Sanesul), em homenagem ao Dia Mundial da Água e à Semana do Meio Ambiente.

A cultura regional vibrante e a descrição densa do habitat de um dos mais importantes biomas brasileiros, o Pantanal, foram retratados por Elza em dez telas, que hoje compõem o acervo da Prefeitura Municipal de Jateí.

Todo o regionalismo traduzido por Barros foi ilustrado por Evaldo Jacinto, o que inspirou a artista a reproduzir as gravuras do livro para a tela e transformá-las num retrato da cultura sul-mato-grossense, fiel e digno de suas raízes. O vaqueiro, as garças, o tuiuiu, a boiada, o mate, e as águas são figuras recorrentes na coleção, que traz a vivacidade das cores do pantanal com a profundidade dos costumes e hábitos do povo que vive lá.

“Antes de iniciar fui atrás do responsável pelas ilustrações do livro para pedir autorização e obtivemos um sim. Desde o início o cuidado era redobrado para não descaracterizar o trabalho primoroso do Evaldo Jacinto, por isso todos os principais elementos das gravuras foram mantidas, apesar da releitura e de ter colocado minha identidade em cada uma das telas”, explicou.

Segundo Elza, a nova versão da “Banquete das Águas”, deve trazer uma nova visão artística, vivência e novos elementos depois de 17 anos da primeira edição. Ela não deu um prazo para entregar esta nova obra jateiense, mas deixou a expectativa de mais um marco na cultura regional.

Trajetória

A pintura em paletes e madeira de demolição mostra a diversificação da artista

Professora de artes em Jateí, Elza se dedicou a lecionar para crianças e adolescentes e isto foi fundamental para desenvolver sua veia artística, que até a criação da coleção, em 2004, não havia sido devidamente explorada.

Após esta primeira e relevante experiência, a professora começou a se dedicar em várias áreas do artesanato. A pintura em madeira de demolição e paletes se revelou uma nova paixão e mais uma coleção inspirada no Pantanal deve sair nos próximos meses, desta vez, em painéis de madeira maciça.

Sua arte está espalhada pelos diversos cômodos de sua residência. Apesar de não comercializar suas obras, a produção é intensa para atender a demanda de toda família e amigos, que fazem questão de ter as telas e outros adereços de Elza em seus lares.

por Bianca Martins

 

 

“…Prezo os espraiados destas águas com as suas beijadas garças.

Nossos rios precisam de idade ainda para formar os seus barrancos

Para pousar em seus leitos.

Penso com humildade que fui convidado para o banquete destas águas.

Porque sou de bugre.

Porque sou de brejo.

Acho que as águas iniciam os pássaros

Acho que as águas iniciam as árvores e os peixes

E acho que as águas iniciam os homens…”.

(“Águas”, de Manoel de Barros)

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