Presidente não pode utilizar Aprosoja para defender Bolsonaro, afirma Blairo Maggi
O ex-ministro da Agricultura, ex-senador e ex-governador de Mato Grosso Blairo Maggi (PP), acionista da Amaggi e uma das principais vozes do agronegócio no Brasil, não concorda com o uso da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) para apoiar o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido). Além disso, desautoriza o cantor Sérgio Reis a falar em nome dos sojicultores.
Ocorre que a Aprosoja Brasil está preparando uma paralisação nacional no dia 07 de Setembro para pressionar o Senado Federal a aprovar o voto impresso e abrir processo de impeachment contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso.
Após se reunir com o presidente da Aprosoja Brasil, o produtor rural de Mato Grosso Antônio Galvan, Sérgio Reis divulgou um áudio dizendo que os sojicultores e caminhoneiros dariam 72h para o Senado atender suas reivindicações. Caso contrário, parariam o país, invadiriam o Congresso e “arrancariam os ministros do STF na marra”.
Blairo Maggi desautorizou Sérgio Reis: “Adoro ele como cantor, mas não fala em nome dos produtores de soja”, declarou na segunda-feira (16).
Em relação a Galvan, o ex-ministro da Agricultura chamou atenção sobre o uso político da Aprosoja Brasil. Segundo ele, a entidade não pode ser utilizada para apoiar Bolsonaro incondicionalmente em nome de uma classe em que nem todos os integrantes pensam da mesma forma.
“Individualmente o Galvan ou qualquer um pode ter a posição que quiser e defender o que quiser. O que não pode e a Aprosoja, institucionalmente, fazer isso. Está errado. Nem todos os sojicultores defendem a mesma tese. A Aprosoja deve defender os interesses comuns dos produtores e não fazer política. Sempre prezamos esta independência”, completou.
O próprio Galvan desautorizou Sérgio Reis. Confirmou a manifestação prevista para 07 de Setembro, mas garantiu que o movimento é pacífico pelas liberdades individuais e independência entre os Poderes.
“Quem conhece o Sérgio Reis, sabe que ele disse aquilo já com umas pingas na cabeça. Aí se exalta se emociona e fala aquilo. Mas pela voz, ele já tinha tomado umas pingas”, disse o ruralista.
Dirigentes dos caminhoneiros também rebateram as falas de Sérgio Reis. Hoje, após a repercussão negativa das ameaças, o cantor declarou que foi mal interpretado. ( Por Jacques Gosch, do RDnews)