Cooperativas são atores-chave no alcance do desenvolvimento sustentável
As cooperativas são importantes agentes transformadores do ambiente socioeconômico. Elas podem ajudar as comunidades a atingir o desenvolvimento sustentável por adotarem valores como cooperação e solidariedade, ao mesmo tempo em que geram emprego e renda.
A avaliação é de palestrantes do workshop internacional “Cooperativas do Mercosul e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: construção de um plano estratégico baseado na Agenda 2030”, realizado nesta semana de forma híbrida com a participação de oficiais do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Falando em nome do Sistema ONU no Brasil, a representante-residente do PNUD no país, Katyna Argueta, lembrou que em um mundo desafiado pela mudança global do clima, por conflitos armados e pela pandemia de COVID-19, a Agenda 2030 e os ODS são o caminho para a recuperação.
“Para construir o impulso a um desenvolvimento sustentável, transformador e inclusivo, temos o conhecimento, a ciência e a tecnologia.
O que precisamos é de liderança eficaz de todos os setores e de ação ambiciosa”, disse.
“Alinhadas com as aspirações de um movimento global, as cooperativas são sustentáveis, apoiam-se em valores baseados na cooperação e no empoderamento, não só nos lucros.
A contribuição das cooperativas para os ODS tem sido documentada”, declarou.
Katyna Argueta lembrou que o Sistema ONU trabalha com essas organizações, inclusive no Brasil.
“O PNUD firmou em 2018 parceria com a OCB (Organização das Cooperativas do Brasil) para promoção e alcance dos ODS no país e tem parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP).”
Em um momento em que os países latino-americanos são mais fortemente atingidos pela crise sanitária e socioeconômica, ela disse ser oportuno refletir sobre como mecanismos de integração regional entre cooperativas podem ajudá-las a enfrentar tais desafios.
“É necessário pensar e agir além das fronteiras, colocando o bem-estar das pessoas no centro da ação.
A contribuição das cooperativas deve ser reconhecida, como atores arraigados nos territórios e que estão atentos às necessidades de cada comunidade.”
Na avaliação da assessora de Desenvolvimento Territorial e Cooperação Descentralizada do PNUD no Brasil, Ieva Lazareviciute, as atividades das cooperativas reduzem a pobreza, criam empregos e promovem crescimento econômico com desenvolvimento social, especialmente no interior do país.
“As cooperativas empoderam pessoas a terem controle sobre seus meios de subsistência, em um espírito comunitário, de organização social e participativo.
Elas trabalham no contexto global contribuindo para o desenvolvimento humano sustentável e combatendo a exclusão social.”
Pegada do cooperativismo – Segundo a OCB, existem 4.868 cooperativas no Brasil, com 17 milhões de cooperados e receitas de R$415 bilhões em 2020, aumento de 34% frente ao ano anterior.
As cooperativas estão presentes no campo e na cidade, em setores como agropecuária, saúde, educação, mineração e transporte.
No ano passado, o cooperativismo criou 455.095 empregos diretos, alta de 6% frente a 2019, mesmo diante de um cenário de crise econômica.
Parcerias no Brasil – No Brasil, o PNUD tem três projetos com o sistema de cooperativas, sendo o primeiro deles focado em engajar e fortalecer ações para a implementação da Agenda 2030 e o alcance do desenvolvimento humano sustentável.
“A parceria sobre a Agenda 2030 foi implementada nos últimos três anos e já está em processo de conclusão.
Estamos conversando sobre uma continuidade.
projeto teve como foco a análise das contribuições da OCB para os ODS, a formação de multiplicadores, cursos a distância e gestão de conhecimento”, declarou Lazareviciute.
O projeto envolve a criação de mecanismos para que as cooperativas possam avaliar seus impactos locais, orientados pelos ODS, aumentando sua visibilidade e competitividade.
Em oficinas colaborativas, foram identificadas práticas de responsabilidade socioambiental a serem adotadas pelas organizações, explicou a gerente de projetos do PNUD Marcia Sumirê.
“O PNUD reconhece a importância das cooperativas, parceiras essenciais do progresso no país. As cooperativas já trazem impactos positivos para as pessoas e a economia, e um número expressivo dessas organizações está nas cidades de localização remota.
O PNUD ajuda a trazer a Agenda 2030 como ferramenta de planejamento e mensuração de resultados, adicionando conhecimento técnico”, disse Sumirê.
Outra iniciativa envolve as pequenas cooperativas de mineração, em uma parceria entre OCB, Ministério de Minas e Energia, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e outros atores.
Em fase de estruturação, a iniciativa visa identificar formas de o setor identificar e replicar boas práticas de sustentabilidade.
“Acreditamos ser importante reconhecer tanto os desafios do setor de mineração em termos de Agenda 2030 quanto às boas práticas que estão surgindo para mostrar que a sustentabilidade é possível. A OCB é parceira-chave nesse trabalho”, ressaltou Lazareviciute.
A terceira parceria é com o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado da Bahia (Sescoop-BA).
Trata-se de um projeto-piloto em fase final de estruturação, cujo foco é a sustentabilidade e a competitividade das cooperativas, com o fornecimento de assessoria técnica e avaliações de impacto.
Para a analista de desenvolvimento humano do Sistema OCB, Vanessa Pacheco, a colaboração com o PNUD é fundamental no sentido de fomentar o conhecimento e o desenvolvimento das cooperativas no sentido de trabalharem em prol da Agenda 2030.
“Um dos nossos principais objetivos é ajudar cooperativas a adotarem práticas e projetos de responsabilidade socioambiental.
Já temos um programa nacional em todos os estados para isso. (…) É grande o movimento para mudanças sociais”, concluiu Pacheco. (ONU)