Antigo e nobre, Jardim Pelicano clama por atenção e respeito em Dourados
Apesar de ser uma das localidades mais antigas de Dourados, os moradores do Jardim Pelicano, em Dourados, vivem sem ter a atenção necessária do poder público. Além da falta da regularização fundiária, os moradores sofrem com a ausência dos serviços básicos, sendo que uma das marcas do descaso são suas ruas praticamente sem leitos.
De acordo com os moradores mais antigos do bairro, a região do atual Jardim Pelicano é habitada há aproximadamente 50 anos. Antônio Yvama Paiva é um dos residentes pioneiros do bairro. “Ingressei na região em torno dos meus 7 anos, haviam cerca de uns vinte moradores e ao redor eram apenas chácaras”, recorda.
Antonio Paiva quer mais atenção e benefícios para o bairro
Antonio pondera que há cerca de cinco anos aconteceu uma reunião na Prefeitura com a presença de sessenta pessoas da vizinhança. Eles foram cobrar melhorias para o bairro, bem como sua regularização. Apesar das promessas, nada foi feito até agora. Indignado, o morador sugere que fossem pavimentadas ao menos cinco quadras que fazem ligação com ruas já asfaltadas. “Pleiteamos inclusive a possibilidade do asfalto comunitário, em que um valor seria descontado no IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) dos moradores para que o problema da erosão das ruas seja resolvido”, sugere
Uma justificativa pela falta do asfalto no bairro era de que o serviço precisava de drenagem da água pluvial, para que fosse feita a rede de esgoto primeiro. “O esgoto já foi feito há mais de dez anos e o asfalto não chega”, reclama Antonio. “Aqui parou no tempo, somente o Pelicano sem progresso. Mais a frente tem o Guanabara, Canaã I, Maracanã, Carisma e Porto Belo, e ficou somente essa parte sem nenhuma benfeitoria”, lamenta o morador.
A busca por intervenções vai além da pavimentação de ruas, já que o esquecimento do poder público passa também pela questão da regularização fundiária, que mesmo em 2022 é precária e praticamente inexistente. “Muitos terrenos aqui ainda estão irregulares. Eram chácaras, e os donos morreram e então foi dividido entre os filhos. E resultou na escritura comum, para a chácara toda ainda”, afirma Antônio. Ele afirma que que conseguiu fazer o desmembramento e a escrituração de seu imóvel através da usucapião, há cerca de três anos.
Francisco Nilton é morador antigo no Pelicano e reclama do abandono
Se Antonio Paiva conseguiu, ainda que a duras penas, regularizar seu imóvel, seu vizinho Francisco Nilton da Silva, residente na região há 30 anos, encontra-se em uma situação diferente. Ele relembra que quando se mudou haviam poucas casas, sendo a maioria de madeira, e que poucas melhorias foram feitas no bairro. Ainda que haja rede elétrica, mais residências e coleta de esgoto, ele também apresenta suas queixas.
“O esgoto que foi feito está entupido de terra, com os bueiros abertos. A promessa foi que o asfalto chegaria após a instalação da rede pluvial, porém, se passaram dez anos e nada foi feito”, disse Francisco. Questionado sobre a regularização fundiária, Francisco Nilton diz que o tributo anual de sua casa é lançado junto com o IPTU de mais seis vizinhos. Ele narra a saga de coletar os valores de todos eles para fazer o pagamento à vista e em dia, de modo a não perder o desconto concedido aos bons pagadores. (Com reportagem e fotos de Karol Viana)