Agroecológica, feira de alimentos sem veneno para uma vida mais saudável
Plantar uma nova cultura, a de consumir alimentos sem uso de agrotóxicos. Esse é o principal objetivo da feira agroecológica que está sendo introduzida no município de Rondonópolis,a maior e mais importante cidade do interior de MT. A feira começou a ser realizada no segundo semestre de 2018, ano que o município completa 65 anos, ou seja, uma cidade já bem idosa e que vê nascer dentro dela um embrião de boas práticas, mostrando que a vida saudável começa pela boca, sem a ingestão de veneno.
A feira está funcionando, a princípio, somente no primeiro sábado de cada mês no período da tarde na avenida principal do Conjunto São José (dupla), numa articulação da Comissão Pastoral da Terra (CPT) com agricultores rurais e urbanos que produzem alimentos sem o uso de agrotóxicos.
PLANTANDO UMA NOVA CULTURA
De acordo com a missionária Neusa, o apoio para esta iniciativa contempla também uma das lutas da congregação franciscana da igreja católica. “Acreditamos que é possível produzir sem agredir o meio ambiente e a saúde das pessoas e demais seres vivos. Por isso apoiamos todas as ações que respeitem o meio ambiente para uma vida mais saudável”, afirma a catequista.
De acordo com a irmã Neusa, a realização da feira é uma maneira de mostrar para a população que existe produção sem a utilização de veneno e que esta prática já vem sendo desenvolvida há alguns anos. “Além de mostrar a produção, quem produz precisa vender para gerar renda e continuar a produzir alimentos saudáveis e com selo de respeito ao meio ambiente”, observa a missionária.
Conforme a missionária, a produção agroecológica em Rondonópolis existe e resiste há alguns anos, com seus alimentos expostos e comercializados em eventos temáticos. Esta articulação maior e nos bairros é para dar maior visibilidade a este processo e também promover a implantação da cultura da vida saudável e de comunidade solidária.
LUTA, RENDA E SOLIDARIEDADE
A agricultora Célia Regina, do Acampamento 13 de Outubro, é uma das feirantes da agroecologia em Rondonópolis. “É uma forma de trabalhar de forma sustentável para gerar renda”, diz. Ela apresenta a paçoca de gergelim, a conserva de bambu com legumes e a farofa de alho como estrelas da produção do assentamento.
Célia Regina diz que a renda com a venda dos produtos é ainda pequena, mas já ajuda no orçamento familiar. “Não é apenas mais uma feira, é a difusão de um novo modelo de vida e de produção. Além dos produtos, nós vendemos essa idéia, que é também uma forma de luta”, observa.
UM OUTRO JEITO É POSSÍVEL
Para Baltazar Ferreira de Melo, da coordenação da CPT em Rondonópolis, a feira agroecológica é um trabalho de educação para a vida. “Os números mostram a grande quantidade de incidência de doenças pelo consumo de alimentos contaminados com agrotóxicos e por isso iniciamos um trabalho para mostrar que é possível produzir sem veneno e com geração de renda e solidariedade coletiva”, afirma.
Baltazar observa que o volume ainda não é grande, mas a produção já é razoável e possibilita a realização de feiras. Com divulgação e novas adesões, ele sonha com uma grande manifestação de vida saudável, com a agroecologia estando presente numa boa e importante porcentagem da população local e regional. “É outro jeito de cuidar da terra e nós mesmos, respeitando o ambiente em que vivemos”, enfatiza.
(Reportagem e fotos: Ezequiel Ferreira)
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