Interior de MT se mobiliza contra proposta que acaba com o feriado símbolo da luta da raça negra
A exemplo da capital, as lideranças do movimento negro mato-grossense estão mobilizadas contra a proposta de extinção do feriado de 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. O principal argumento das lideranças é que a proposta, assinada pelas “Lideranças Partidárias”, acaba por institucionalizar o racismo no Estado, pois mira especificamente o 20 de novembro, que é longe das grandes datas de maior movimentação do comércio e da indústria.
A presidente da Unegro Pantanal Rondonópolis, Luzia Aparecida do Nascimento, lamenta a iniciativa e condena principalmente porque foi protocolada no dia 14/11/2018, exatamente no mês da consciência negra. “Esse projeto de lei quer nada mais nada menos do que alterar a lei 7.879, de Dezembro de 2002, data essa em que negros e negras brasileiros celebram, o aniversário de nosso grande líder, nossa referência Zumbi dos Palmares”, diz a presidente.
Para Luzia, a revolta pela iniciativa não é simplesmente com o fim do feriado, mas sim o simbolismo que representa, que é Dia da Consciência Negra. A justificativa do projeto é que ele influencia a rotina das cidades, afetando diversos setores econômicos, com o fechamento do comercio e de prestadores de serviços, causando prejuízos e impedindo a comercialização dos produtos e a realização dos serviços no feriado.
“Quantos feriados têm ao longo do ano? Quantos feriados estão relacionados com as referências dos negros e negras que foram escravizados, explorados e que construíram este país com sangue, suor e lagrimas? Pasmem, dos mais de 12 feriados anuais apenas um é dedicado às reflexões acerca do sofrimento do povo negro, que por sinal são mais de 60% da população deste país e por incrível que pareça nenhum outro feriado está incomodando nossos nobres parlamentares”, questiona a Luzia.
De acordo com a presidente da Unegro em Rondonópolis, falar que somente o 20 de novembro causa prejuízos chega a ser uma afronta ao povo negro. “Podemos provar que isso não é verdadeiro. Enquanto mulher negra vinculada a uma instituição que luta contra o racismo e pela igualdade racial, não posso me calar diante de tamanha exclusão e demonstração de racismo por parte de quem deveria nos defender e nos representar”, enfatiza Luzia Nascimento.
AUDIÊNCIA
Uma audiência pública está marcada na Assembléia Legislativa para o dia 13 de dezembro, às 14h, data também em que deve ser a última sessão ordinária dos deputados. O evento foi articulado pelo Conselho Estadual para Promoção da Igualdade Racial (CEPIR/MT) e a militância das diversas entidades do movimento negro estão mobilizadas para o evento. As lideranças também estão visitando veículos de comunicação, gabinetes dos deputados e fazendo contatos com vereadores e demais lideranças políticas e comunitárias, na capital e no interior.
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