Estudante de Várzea Grande publica livro de ficção com alerta sobre bullying
Desde quando ainda era uma criança e mal sabia ler ou escrever, a várzea-grandense Geovanna Albuquerque Torquato já demonstrava interesse pelos livros.
Hoje, aos 17 anos, depois de unir essas duas paixões – escrita e leitura – com uma imaginação bastante fértil, ela está publicando seu primeiro livro.
O lançamento oficial de “A Lista” aconteceu no dia 13 de dezembro na Livraria Janina, no Pantanal Shopping. E para quem está curioso, a história gira em torno do bullying na escola.
O bullying é a prática de atos violentos, intencionais e repetidos contra uma pessoa indefesa, que podem causar danos físicos e psicológicos. Geralmente acontece no meio de crianças e adolescentes.
Tal ato pode trazer consequências desastrosas que prejudicam a formação intelectual e levar ao isolamento, depressão, homicídio e suicídio.
Sem dar qualquer tipo de spoiler sobre o enredo da trama, Geovanna contou ao MidiaNews que resolveu escrever sobre o assunto, não porque sofreu com o bullying, mas porque se interessa pelo assunto e teve inspiração.
“Eu sempre gostei muito da cultura asiática, em particular da Coreia do Sul. E assistia muito às novelas e os ‘doramas’ de lá. Foi quando percebi que o bullying era meio que uma constante por lá. Muitos coreanos são um tanto xenófobos, não gostam de ocidentais, porque fogem do padrão deles. Também percebi que o aluno sul-coreano do ensino médio tem as maiores taxas de suicídios. Tudo isso junto me inspirou”, diz.
No entanto, ela lembra que já sofreu uma vez com bullying e também já presenciou as amigas sendo maltratadas com apelidos grosseiros.
“Eu já presenciei bastante bullying. Fui até na coordenação da escola e falei sobre isso, pedi que conversassem com os envolvidos, porque não tinha gostado das brincadeiras. Uma vez cheguei das férias e falei para minha mãe que tinha uma menina que me empurrava e puxava meu cabelo, depois comecei a chorar. Ela até riscava o meu uniforme”, diz.
O livro
O livro conta a história de uma adolescente mestiça que vive na Coreia do Sul e que apanha e sofre bullying constantemente. O sofrimento é tamanho que ela chega a tentar tirar a própria vida, mas acaba salva por um menino que a ajuda superar o trauma e, assim, os dois constroem uma bela amizade.
A jovem conta que escreveu todo o livro em apenas três meses – de março a junho de 2017. A partir daí, deu cópia para as amigas e os pais lerem, e o retorno, segundo ela, foi surpreendente.
“Eu estava muito satisfeita com o que escrevi, recebi um ‘feedback’ muito bom das minhas amigas. Meu pai gostou bastante também e me disse que tinha um amigo que é escritor e me recomendou que enviasse uma cópia para a editora dele por e-mail. E eu mandei”, relata.
A resposta da editora veio quando menos esperava, em um dia em que os pais estavam viajando, e teve que comemorar euforicamente sozinha em casa, conta ela.
“Nem acreditei na hora. Na verdade, ainda não caiu a minha ficha. Acho que a ficha só vai cair mesmo quando eu passar na livraria e ver meu livro na estante. Aí sim acho que vou acreditar que está acontecendo”, diz.
Paixão pelo jornalismo
Geovana é o tipo de adolescente que, além de amar ler e escrever em suas horas livres, também é fã de rock e pop. Romântica, ela conta que escreveu seu primeiro livro, não publicado, aos 14 anos.
A trama deste livro se passa em Londres e conta a história de uma jornalista que, de acordo com ela, foi o que lhe inspirou a seguir a carreira no jornalismo.
Prestes a alcançar a maioridade, a jovem prestou vestibular para a jornalismo na USP (Universidade de São Paulo). Se passar, pretende morar na capital paulista.
“Gosto muito do jornalismo investigativo, gosto da adrenalina dele, mas também gosto do entretenimento, por causa dos filmes e músicas. Espero muito um dia entrevistar essas pessoas de quem eu gosto. Também tenho interesse em ser, quem sabe, correspondente internacional”, afirma.
Quanto à carreira de escritora, a cuiabana diz que vai continuar escrevendo. Inclusive já tem em mente seu terceiro livro, que também pretende publicar um dia. Desta vez o cenário é Cuiabá.
“Já estou escrevendo uma história que se passa aqui, sobre um menino que é diplomata, nasceu na Austrália e veio morar aqui por causa da avó dele, que tem câncer. Ele passa a estudar aqui, faz amizades e se apaixona…”, diz.
Para a mãe de Geovanna, Isolda Albuquerque, ver a filha se realizando com ainda tão pouca idade é uma satisfação enorme. Já quanto ao sonho de morar fora de Cuiabá, o coração da mãe aperta.
“No começo eu não queria. Foi difícil aceitar essa ideia, mas é uma oportunidade que a gente não pode negar. Agora nós estamos aceitando melhor e eu fico muito feliz vendo como ela tem o dom para a escrita”, comemora.
Isolda diz que a filha sempre demonstrou gostar de livros e sempre a incentivou. Orgulhosa, a mãe lembra que a filha adorou escrecer poesias e já chegou inclusive ganhar um concurso na escola em que estuda.
“Ela assumiu esse hábito, desde quando ainda não sabia nem ler. Sempre andava com os livrinhos debaixo do braço e pedia para os outros lerem para ela. Ela nunca teve dificuldade de aprendizado. Quando dei por mim ela já estava lendo”.
Para seus leitores, Geovanna deixa um recado. “Espero que eles gostem muito, porque eu tenho certeza que quem está no ensino médio vai se identificar. Espero que todos entendam a mensagem do livro, que é muito bonita”.
O livro pode ser encontrado nas unidades da Livraria Janina.
(Por Jad Laranjeira, do midianews)