Em Mato Grosso, fechado maior acordo para remunerar área preservada
Produtores rurais de Mato Grosso e instituições ligadas à conservação ambiental fecharam acordo para remunerar propriedade que preserva mais terras do que a exigência legal. O termo, anunciado nesta 4ª feira (26), foi formalizado entre o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e a Amaggi, empresa multinacional brasileira do agronegócio que está entre as maiores da América Latina. Produz ao ano 1,2 milhão de toneladas de soja, algodão e milho.
A propriedade em questão é a Fazenda Itamarati, em Campo Novo do Parecis (MT), e é a maior propriedade agrária da região. Ao todo são aproximadamente 105 mil hectares de terras. A partir de agora, uma área de 2.200 hectares — equivalente a 1.500 campos de futebol — de vegetação nativa no interior da fazenda e em pleno bioma do Cerrado Brasileiro, terá garantia de conservação formalizada no acordo entre as duas entidades.
É a maior área individual a aderir ao Projeto Conserv desde a criação do programa, em 2020. Pelo Conserv, médios e grandes produtores rurais da Amazônia Legal recebem financeiramente por conservarem áreas de vegetação nativa, além da reserva legal, no interior de sua propriedade.
No caso em questão, o exigido pela legislação é preservar 35% do espaço natural. Nem o Ipam, nem a Amaggi revelam os termos do entendimento em valores, mas a avaliação dos envolvidos é de que o valor a ser recebido vale a pena para se manter a ‘floresta’em pé em lugar de derrubá-la para uso agrário. Na visão dos empresários do agro na região, “a assinatura desse contrato prova que é possível quebrar tabus sobre preservação, que é possível preservar além da reserva que é obrigatória e receber uma compensação financeira por isso. O meio ambiente é o nosso maior patrimônio e o desejo da Amaggi é que mais produtores possam aderir a essa iniciativa”, avalia o diretor de Produção Agro da Amaggi, Pedro Valente.
O estímulo financeiro na operação pode levar outros produtores a aderirem ao programa, calculam os agricultores. Do lado dos pesquisadores, a opinião é de que há diversas vantagens para quem vive do campo. “Além de o produtor rural assegurar a polinização, produção de água, qualidade do solo e um clima estável para a sua produção, ele também recebe um benefício financeiro com essas áreas de vegetação nativa” – Richard Smith, coordenador do Ipam em Mato Grosso.
(SBTnews)