Fim do ano tem mais lixo, mas reciclagem esbarra na separação inadequada
Para a maioria da população, o final de ano é marcado pelas festas, férias e 13º salário. As fotos e selfies que focam em presentes, ceias e confraternizações não mostram algo que todos tentam esconder e descartar: o lixo nosso de cada dia. Mas a mão que vai ao bolso para as compras é a mesma que se livra de materiais e produtos rejeitados, o que leva ao aumento da geração de lixo nesta época do ano e, o pior, sem a devida separação de orgânicos e recicláveis.
O crescimento do lixo convencional é observado a partir de outubro, explica o gerente de operações da Solurb Bruno Velloso. O fenômeno tem seu pico em dezembro e passa a entrar na normalidade depois de fevereiro. Ele confirma que o consumo está intimamente ligado à geração de resíduos, e os números observados nas viradas de ano comprovam isso. No lixo convencional, vem o desperdício, no reciclável, as embalagens.
No que diz respeito ao material não reciclável, dados da Solurb mostram que, em relação ao lixo convencional, em 2017, dezembro registrou aumento de 21% em relação a média mensal, que foi de 23 mil toneladas. No último mês do ano, os caminhões recolheram 28 mil toneladas. Se comparado com julho, mês com menor coleta, de 20 mil toneladas, o aumento é de 40%.
A variação é maior quando se trata dos recicláveis. A média mensal de 2017 da coleta seletiva foi de 485 toneladas. Em dezembro daquele ano o lixo totalizou 603 toneladas, uma variação de 25%. A média de 2018 até novembro é de 524 toneladas, o que não significa necessariamente maior geração de lixo, mas sim o aumento na adesão da população ao serviço de coleta, tanto no atendimento porta a porta, como nos “Leves”. Em 2016 a média era de 384 toneladas ao mês.
Qual é o problema?
A geração de resíduos sólidos é uma grande preocupação das cidades. Muitos dos materiais são descartados sem o tratamento ou descarte adequado e, conforme os números apresentados pela Solurb, apenas uma pequena fração do lixo é reaproveitada pela reciclagem.
Segundo o ambientalista e engenheiro sanitário Alexandre Luiz Braga de Souza, a destinação de materiais inadequadamente diminui a vida útil dos aterros sanitários, locais preparados para receberem os resíduos sólidos resultantes da atividade humana para a decomposição final. Ainda, Bruno alerta que, por diversos motivos, cerca de 30% do lixo reciclável é rejeitado e vai parar no aterro sanitário.
O gerente operacional da Solurb acredita que a forma mais eficaz de a população participar no conceito dos 3Rs (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) é na reciclagem. Para ele, a redução estaria na mão da indústria, com a diminuição das embalagens. “É um trabalho árduo. Para a população participar da reciclagem já é difícil. Para reduzir, precisa estar no topo da cadeia. A resposta para reduzir está no fabricante. O consumidor não tem muito o que fazer, não vai deixar de comprar por conta da embalagem. No consumidor tem que focar em reciclar. Pode-se pensar em reutilizar. Uma maneira de redução, seria diminuir o desperdício. Mas o foco é reciclar”, opina Bruno.
O ambientalista concorda e acredita ser difícil evitar o consumo e a consequente geração de resíduos sólidos. Para ele, a população deve “saber como acondicionar, separar e destinar adequadamente o lixo, separar o reciclável do orgânico”.