“MS Contra o Racismo” amplia ações e vai promover capacitação de policiais civis do Estado
O movimento ‘MS Contra o Racismo’, capitaneado pela Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos), via Secretaria Executiva de Direitos Humanos e Subsecretaria de Estado de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, amplia suas ações e a partir desta segunda-feira (31) policiais civis recebem módulo de 40 horas com temáticas sobre o racismo e injúria racial.
Ministrada por delegados da Polícia Civil, professores universitários e membros de movimentos sociais, a ação, conforme explica o secretário-executivo de Direitos Humanos da Sead, Ben-Hur Ferreira, é fruto do colóquio estadual realizado em março deste ano pela Sead e conta com o apoio do delegado-geral da Polícia Civil, Roberto Gurgel.
“O movimento ‘MS Contra o Racismo’, uma articulação de nossa secretaria e parceiros, como a Secretaria de Estado de Educação, Ministério Público, Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, cada vez ganha mais corpo. O delegado-geral é um grande entusiasta e parceiro dessa ação que com certeza levará ainda mais conhecimentos aos policiais civis de MS. O policial terá um contato intenso com a temática do racismo”, explica o secretário.
Ben-Hur lembra ainda que o racismo está presente em várias situações da vida e também no dia a dia, por se tratar de uma questão estrutural, sendo de extrema importância para quem trabalha com a segurança pública essa oportunidade de conhecer e ampliar conceitos. “Temos que construir uma ideia do entendimento do racismo”, completa.
Dados da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) mostram que em 2021 casos de injúria racial somaram 308 registros e de racismo 21. Em 2022 os casos de injúria racial saltaram para 467 registros e os de racismo para 45.
Na abertura da ação, na Acadepol (Academia da Polícia Civil de MS), a titular da Sead, Patrícia Cozzolino, destacou o importante papel desempenhado pelas forças de segurança do Estado e sua abertura ao curso. “Sem dúvidas será um importante período de conhecimento e revisitação à conteúdos pelos policiais civis que tão bem trabalham por nossa sociedade. Todos nós precisamos combater o racismo em qualquer que seja a esfera”, pontuou.
Para o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, os servidores da pasta estão imbuídos de uma missão que tem como foco o ser humano, com condições de promover justiça e igualdade. Videira ainda lembrou do ex-deputado estadual, Amarildo Cruz, por sua luta incessável contra o racismo. O delegado-geral da Polícia Civil, Roberto Gurgel, avaliou que a capacitação vem ao encontro de uma realidade, aperfeiçoando ainda mais o policial civil para que haja um atendimento às demandas e o correto acolhimento das vítimas.
Desembargadora do Tribunal de Justiça de MS, Jaceguara Dantas, ressaltou a importância de participar de eventos que marcam o debate contra o racismo. “Aqui estamos mais do que em uma solenidade, mas em um compromisso do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul com um princípio maior, que é o princípio da dignidade e da igualdade. Princípios esses que são de extrema relevância para qualquer sociedade que se diga democrática. O racismo é uma prática histórico político cultural que sustenta a desigualdade entre os seres humanos e que pessoas e povos são discriminados a partir de sua origem ou sua aparência. Nesse sentido o negro está sempre em desvantagem, pois ele é visto como um suspeito em potencial”, disse.
A doutora em Educação, professora e ministrante de um dos módulos do curso, Eugenia Portela de Siqueira Marques, afirmou que falar do racismo com os policiais civis é uma grande oportunidade. “Vamos trazer os fundamentos históricos, falando das origens do racismo no Brasil e como que esse racismo se manifesta nas desigualdades sociais num contexto geral do seu surgimento. A gente ter a oportunidade de debater esse tema é uma ocasião única e o Governo do Estado está de parabéns. Que a gente possa expandir esse piloto para outras áreas”, explicou.
A ideia, conforme a Secretaria Executiva de Direitos Humanos, é expandir o módulo para outros órgãos e também forças de segurança dos municípios de Mato Grosso do Sul.
Também compuseram a mesa de abertura do evento Devair Francisco, diretor de academia Polícia Civil; Rozeman de Paula, delegada geral adjunta; Simone do Nascimento, esposa do ex-deputado estadual, Amarildo Cruz; Douglas Teixeira, promotor de Justiça; Daniel de Oliveira, representante da Defensoria Publica de MS e a subsecretária da Igualdade Racial de MS, Vania Duarte.
(Da assessoria)