Instituto repudia decisão de Reitoria e diz que UFR pratica racismo institucional contra núcleo antirracista

A intervenção da Reitoria da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) no Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígenas (Neabi) continua causando reações em diversos setores da comunidade acadêmica e entidades representativas. O Instituto de Psicanálise Virgínia Bicudo emitiu nota de repúdio, entendendo que a decisão da administração da UFR significa um ato de racismo contra um segmento antirracista que tem atuação de destaque dentro da universidade.

Em nota assinada por Wallace Rodolfo Pereira da Silva (foto), o Instituto de Psicanálise diz que a gestão da UFR praticou racismo institucional contra o núcleo antirracista, ignorando o regimento interno do Neabi. Ele também condena a exoneração de sua gerente, professora doutora Priscila Scudder, um dia depois do “Dia Internacional da Mulher Negra, Latina
e Caribenha”, celebrado em 25 de julho.

Na nota, o dirigente do instituto observa que impressiona o nível de violência a que estão sujeitas as mulheres negras
que, não se curvando diante dos racistas, passam a ser perseguidas e silenciadas de maneira arbitrária, vil e cruel. “Entretanto, a professora doutora Priscila Scudder não poderá jamais ser calada, uma vez que sua voz ecoa a partir da sua atuação tão potente como gerente do Neabi, implicando, inclusive, boa parte da sociedade civil organizada que passou a contribuir com recursos e aportes financeiros para que o trabalho se desenvolvesse”, pontua Wallace.

O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígena da UFR tinha ao todo 61 integrantes. A destituição das dezenas membros do Neabi e a exoneração de sua gerente ocorreram na semana passada, por meio de portaria, sem diálogo da administração da universidade para com os integrantes. Assim que tomaram conhecimento do ato, os membros reagiram e começaram a questionar a forma unilateral da Reitoria, que vai na contra-mão do objetivo do núcleo, que é a discussão e estudos dos problemas e alternativas aos povos afro-brasileiro e indígena.
Nota – Diante da reação contra a forma adotada pela administração, vista como andi-democrática pelos membros, a reitoria da Universidade Federal de Rondonópolis emitiu uma nota de esclarecimento, afirmando que a destituição dos membros e da gerência do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígena se deu por conta de supostas irregularidades, sem citar quais e como elas teriam acontecido. A nota coloca em suspeita principalmente a gerência do núcleo, afirmando que “A UFR constantemente analisa os processos administrativos, cumprindo o princípio da legalidade e da transparência, de forma que, ao identificar possíveis indícios de irregularidade, toma todas as medidas cabíveis para garantir a segurança institucional”.
O teor da nota acabou gerando ainda mais reações, porque não esclarece os motivos e nem aponta a irregularidade praticada, fundamento no qual se baseou a administração para a exoneração da gerência e integrantes. 

Nota de RepúdioInstituto de Psicanálise Virgínia Bicudo

 

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