Advogado vê como truculenta ação da UFR contra núcleo de ações afirmativas
O advogado Sidney Cavalcante (foto) considera uma ação truculenta a forma como a administração da Universidade Federal de Rondonópolis (UFR) decidiu intervir no Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígena (Neabi). Segundo ele, a decisão unilateral de destituir a gerência e os integrantes do núcleo, sem discutir e nem mesmo comunicar o ato ao conjunto de seus membros, representa uma afronta e expõe uma visão de não reconhecimento da capacidade de diálogo e pensamento do núcleo.
Sidney é um dos integrantes do núcleo como estudante do curso de História da UFR. Ele também é graduado em Direito e profissional militante em Rondonópolis, fazendo parte de comissão na seção local da Ordem dos Advogados do Brasil. Além dele, mais dois advogados atuantes fazem parte do Neabi. “É um absurdo total a maneira como a gestão da UFR encarou a discussão de ações afirmativas, pois ignora o pertencimento dos membros do núcleo que expressa esta bandeira dentro da universidade”, observa.
Conforme o advogado e acadêmico de História, quando não se houve a outra parte e toma decisões que afetam diretamente ela, o gesto acaba sendo agressivo. “É uma forma de agressão o que está se fazendo com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígena dentro da UFR”, afirma.
Nota da UFR – Diante da reação contra a forma adotada pela administração, vista como anti-democrática pelos membros, a reitoria da Universidade Federal de Rondonópolis emitiu uma nota de esclarecimento, afirmando que a destituição dos membros e da gerência do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígena se deu por conta de supostas irregularidades, sem citar quais e como elas teriam acontecido. A nota coloca em suspeita principalmente a gerência do núcleo, afirmando que “A UFR constantemente analisa os processos administrativos, cumprindo o princípio da legalidade e da transparência, de forma que, ao identificar possíveis indícios de irregularidade, toma todas as medidas cabíveis para garantir a segurança institucional”.O teor da nota acabou gerando ainda mais reações, porque não esclarece os motivos e nem aponta a irregularidade praticada, fundamento no qual se baseou a administração para a exoneração da gerência e integrantes.