Há 49 Anos, uma tragédia que abalou o Mato Grosso uno e a Força Aérea Brasileira
o dia 18 de setembro de 1974, uma tragédia aérea abalou profundamente o Brasil, quando um avião C-115 da Força Aérea Brasileira (FAB), conhecido como “Búfalo”, caiu em Ponta Porã, no estado de Mato Grosso, ainda antes da divisão, matando 19 militares. O acidente ficou marcado como o maior da aviação mato-grossense e teve um impacto devastador, não apenas devido à perda de vidas, mas também pela ironia dos eventos que o cercaram.
A aeronave C-115 decolou da Base Aérea de Campo Grande naquele trágico dia. O comandante da Base na época, o coronel José Hélio Macedo Carvalho, era conhecido por ser rigoroso com horários. Devido a esse rigor, muitos militares que deveriam estar a bordo perderam o embarque. No entanto, a tragédia não poupou aqueles que não embarcaram.
A explosão resultante da queda deixou apenas um sobrevivente, um sargento que, ironicamente, estava de pé no momento da explosão, sendo arremessado para longe do avião. O impacto da tragédia foi sentido em todo o país, uma vez que o avião transportava parte do alto escalão militar de Campo Grande.
Os corpos dos militares mortos foram velados no Círculo Militar, onde poucos dias antes, os mesmos homens haviam participado de um baile. A ironia da situação não passou despercebida, e o contraste entre a celebração e o luto era evidente.
A tragédia afetou não apenas os militares, mas também membros da imprensa que haviam sido convidados para a viagem, mas optaram por não ir.
O empresário Ronaldo Ortiz, que era cabo da Força Aérea na época, testemunhou a tragédia de perto, já que seus superiores e amigos de caserna estavam naquele voo. O avião estava transportando praticamente todo o oficialato do comando militar de Campo Grande, tornando a tragédia ainda mais devastadora para a comunidade militar brasileira. ” Foi muito triste ver os companheiros de farda, envoltos em bandeiras, familiares chorando, como diz o Juca Chaves: choveu estrela no Mato Grosso” (sic)
Cortejo dos militares falecidos, familiares e população em frente ao Círculo Militar em
Campo Grande na Av. Afonso Pena. Foto: Roberto Higa
Caixão sob o veículo de cortejo: Foto: Roberto Higa
O único sobrevivente da tragédia foi o mecânico da aeronáutica, sargento Shiro Ashiushi, que sofreu graves lesões, perdendo as duas pernas. O acidente ocorreu após a ponta da asa da aeronave colidir com um poste, resultando em uma explosão. O combustível recém-abastecido contribuiu para a dinâmica e gravidade do acidente.
Militar analisando o acidente Foto: Roberto Higa
O Brasil estava passando por um período de repressão na época, e a tragédia teve um impacto significativo na sociedade civil e militar. O compositor e humorista Juca Chaves, em uma apresentação em São Paulo, fez uma referência às patentes dos militares mortos, dizendo que “havia chovido estrelas no céu de Mato Grosso”. Essa observação gerou controvérsias e repreensões, destacando o contexto político sensível da época.
Hoje, 49 anos após essa tragédia que marcou profundamente a história da aviação e da Força Aérea Brasileira, lembramos desses eventos com respeito às vidas perdidas e à memória daqueles que estavam a bordo do Búfalo. É um lembrete de como o passado pode ecoar no presente e nos lembrar da importância do jornalismo em manter viva a história e a memória de eventos que moldaram o nosso país.
(radarmsnews)