Estudante conquista diploma e agradece a avó que vendia coxinhas para pagar a faculdade
Em Sorocaba, interior do Estado de São Paulo, após anos de lutas, estudos e dificuldades, Samires Souza, jovem de 23 anos, agora é terapeuta ocupacional. A conquista do título, porém, foi cercada de desafios. Como estudante de uma faculdade particular, ela precisou da ajuda da avó e da mãe – uma autônoma e uma funcionária de um garimpo, – de modo a ter condições de pagar a mensalidade do seu curso – R$ 1500 mensais.
“Não sabíamos como iríamos pagar, mas a minha avó e a minha mãe não me deixaram desistir” conta a profissional, ao relatar que a avó contribuiu com algumas parcelas, “mas quem pagava era a minha mãe, através do garimpo onde cozinhava de cinco da manhã até de noite”.
A mãe de Samires é a principal responsável pelos recursos financeiros da família, mas a ajuda da avó foi especial: ela vendeu coxinhas a R$ 1, por cinco anos (tempo de duração do curso), para ajudar a pagar a mensalidade da instituição da neta.
“A gente costumava dizer que se não fossem as coxinhas não iríamos conseguir pagar. Minha avó sempre foi muito apaixonada pela culinária e o sonho dela era fazer um curso. Então, por não ter condições, ela pegou tudo o que sabia e abriu o Sabor Marajoara, que vende comidas típicas, caseiras e o salgado. Hoje em dia o nosso sustento vem de lá, pois a coxinha dela no bairro é muito conhecida” relembra Samires, que decidiu fazer uma homenagem à avó no dia da sua cerimônia.
“Por ela não conseguir ir à minha solenidade devido ao trabalho, eu fui até ela. Ela jamais poderia deixar de me ver com a beca. Ela sempre sonhou com esse dia, idealizamos juntas e conseguimos” conta.
Naquela ocasião, Samires foi ao restaurante de beca com uma placa com os dizeres “Vovó, graças as suas coxinhas de R$ 1,00 formei”.
Maria da Conceição tem 58 anos e conta ter ficado muito emocionada ao ver sua neta vestida de beca para a formatura, ainda mais porque não esperava vê-la no restaurante, tampouco receber uma homenagem dela!
“Olhei para ela e não acreditava. Tinha dias que a gente não tinha nem o dinheiro do ônibus para ela ir. Eu tinha que vender primeiro as coxinhas para arrumar o dinheiro do ônibus e do almoço dela. Eu acordava de madrugada todos os dias para enrolar essas coxinhas, mas não me arrependo” diz a autônoma, afirmando que “R$ 1500 para quem tem dinheiro, não é nada, mas para quem vai trabalhar para poder conseguir, é difícil demais”. “Mas eu não me arrependo nunca do que fiz. Agora a gente tem uma terapeuta ocupacional e com muito orgulho!” completou Maria.
(Fonte: Sorocabanice)