“Anfêmera”: Por meio da arte, exposição em Cuiabá explora padrões comportamentais na envelhescência
A artista Mari Gemma De La Cruz (foto em destaque) apresenta sua mais recente exposição, Anfêmera, que pretende ser uma obra envolvente que explora os intricados padrões comportamentais na envelhescência feminina. A mostra, resultado de extensa pesquisa realizada em 2019 e 2020, estará em exposição para visitação em Cuiabá no período de 22 de março a 20 de maio, das 8h às 18h na Casa Cuiabana.
Com entrada gratuita e aberta ao público em geral, o lançamento da exposição acontece no dia 21 de março, às 19h. A exposição quer oferecer uma profunda reflexão sobre a experiência feminina nesse estágio da vida, através de imagens, vídeo e instalação.
Conforme a artista, durante o período de investigação, confrontou suas próprias inquietações, relacionadas ao envelhecimento, em um contexto de perdas significativas, como a morte de sua mãe, os filhos deixando o lar, menopausa e a aposentadoria como farmacêutica e servidora pública. “Essas experiências pessoais culminaram em uma reflexão multifacetada sobre memória, comportamento, padrões sociais e etarismo”, comenta.
A exposição destaca episódios e percepções comuns a muitas mulheres na envelhescência, evidenciando mudanças nas dimensões biológica, estética, psicológica, relacional, profissional e de saúde. O momento, apesar de trazer a possibilidade de uma nova liberdade, é frequentemente reprimido por modelos sociais que geram sentimentos que limitam a expressão e a vivência plena dessa fase da vida.
Inspirada por esse contexto, a artista sentiu uma urgência por mudança, levando à necessidade de desconstruir e reconstruir sua vida. Essa metamorfose foi representada metaforicamente pela reforma do “corpo-casa”, onde a artista viveu por mais de três décadas. Durante a investigação, a sensação de invisibilidade e obsolescência conectou-se a padrões comportamentais, incluindo a acumulação de objetos que atestavam a existência da artista e reforçavam seu apego.
De acordo com a artista, a exposição busca traduzir visualmente a envelhescência feminina, transformando as imagens da casa, móveis e objetos em poemas visuais. Através dessa expressão artística, questiona-se como os refúgios efêmeros podem incorporar valores subjetivos, levando-nos a explorar as casas oníricas de cada indivíduo, perdidas nas sombras de um passado verdadeiro.
Para honrar a existência das coisas banais, a artista produziu imagens resultantes de performances com objetos, tornando-os testemunhos da história, rastros de memória que constroem uma cartografia do ser. As performances abordam uma variedade de percepções, desde a inutilidade até a resiliência, proporcionando momentos de catarse e resgate do valor da vida.
A exposição levanta questões éticas relacionadas aos padrões comportamentais na envelhescência, destacando a contradição entre valorização e desvalorização da senectude. Acredita-se que a interação do público com as subjetividades apresentadas possa inspirar uma reflexão sobre alternativas e sensibilidades que fogem aos modelos vigentes, aliviando a opressão muitas vezes associada à mulher na envelhescência.
No mundo – Este trabalho ganhou o mundo antes de ser apresentado nas terras cuiabanas. Atualmente, está participando de uma exposição coletiva no México e já participou de outras exposições na Argentina (2022) e na Espanha (2021), sendo que nesta última foi premiado.
Sobre a Artista – Mari Gemma De La Cruz é uma artista visual interdisciplinar que iniciou sua carreira aos 53 anos, em 2016, após ter atuado como farmacêutica. Possui mestrado em Saúde e Ambiente, e suas práticas artísticas incluem fotografia, poesia visual, performance, vídeo e intervenção em espaços urbanos ou naturais. Comprometida com transformações sociais emancipadoras, suas criações resultam de pesquisas numa perspectiva ‘biopsicosocioambiental’, abordando questões cotidianas relacionadas ao feminismo e meio ambiente.
Atualmente residindo em Cuiabá, Mari Gemma De La Cruz recebeu premiações e conquistou reconhecimento internacional por seu estilo único e provocativo. Participou de exposições no Brasil, Argentina, Áustria, Bolívia, Chile, Espanha, Honduras, México e Portugal. Site: www.marigemma.com . Rede social: @marigemma.art.
(Da assessoria, com redação)