Projeto promove resgate cultural e profissionalização de indígenas encarcerados
Na busca por promover a reconexão com as raízes e fomentar oportunidades de reinserção social, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) está desenvolvendo na Penitenciária de Segurança Máxima de Naviraí o projeto ‘Tembiaporã: Che Añekambia’, pioneiro no Brasil e que visa atender internos indígenas, oferecendo ações que vão desde o fortalecimento do vínculo com a família até a profissionalização e valorização da cultura indígena.
Coordenada pela Diretoria de Assistência Penitenciária da Agepen, por meio da Divisão de Promoção Social, a iniciativa tem amparo da Prefeitura de Naviraí e de outras entidades locais, englobando uma ampla gama de atividades, como encontros familiares, tanto presenciais quanto virtuais, até a providência de documentação pessoal e ações de conscientização sobre saúde e higiene.
“O objetivo é criar um ambiente propício para o desenvolvimento pessoal e social dos participantes”, informa o responsável pelo Setor Psicossocial da unidade prisional, policial penal Evandro Charão Machado, um dos autores do projeto.
Dentre os destaques está a ênfase na valorização da cultura indígena, incluindo a produção de artesanato tradicional e o ensino da língua materna Guarani Kaiowá.
Com aulas semanais ministradas por uma equipe multidisciplinar, composta por um professor indígena, um assistente social e um acadêmico de Ciências Sociais da UFMS, visa resgatar a identidade cultural dos internos e prepará-los para uma reintegração mais efetiva na sociedade. A ação está associada ao ‘Projeto Educação Indígena Apoio Intersetorial’, desenvolvido pela Gemed (Gerência Municipal de Educação).
Para o diretor da Penitenciária de Naviraí, policial penal Jonas dos Santos Ferreira, o projeto representa um passo crucial na construção de um ambiente prisional mais inclusivo e na preservação da identidade indígena dos internos.
“Muitos dos participantes estão há anos afastados de suas comunidades e enfrentam dificuldades para manter sua cultura e língua materna enquanto cumprem suas penas”, explica o dirigente.
A proposta, conforme o policial penal, é que o projeto não apenas ofereça esperança e oportunidades para os indígenas encarcerados, mas também viabilize a importância de abordagens inovadoras para a ressocialização e valorização da diversidade cultural no sistema prisional do estado.
Na tradução livre, a expressão ‘Tembiaporã: Che Añekambia’ carrega consigo a ideia de transformação, sabedoria, cooperação e otimismo.
(Por Keila Oliveira e Tatyane Santinoni, da assessoria)