Apicultor perde 2,5 milhões de abelhas com suspeita de contaminação por agrotóxico

Apicultor estima prejuízo de R$ 30 mil com a perda das abelhas em Leme — Foto: Wilson Aiello/EPTV

Cerca de 2,5 milhões de abelhas de um apiário – local próprio para criação do inseto – morreram em uma semana em Leme (SP), causando grande prejuízo ambiental e financeiro. O apicultor responsável pelo local suspeita que a mortandade tenha sido consequência do uso de agrotóxico nas plantações da região.

No dia 24 passado, o Ministério da Agricultura publicou no Diário Oficial a liberação do registro de 42 agrotóxicos, totalizando 211 neste ano. A aprovação dos pesticidas ganhou velocidade nos registros após medidas para desburocratização implementadas nos últimos três anos, em especial na agência de vigilância sanitária, a Anvisa.

Prejuízo de R$ 30 mil

O apicultor Carlos Fernando Celano disse que encontrou as abelhas mortas na sexta-feira (28) durante checagem semanal do apiário. Segundo ele, há sete dias elas estavam saudáveis.

No total, foram 39 caixas, sendo que em cada uma vivem aproximadamente 65 mil abelhas, totalizando um prejuízo de R$ 30 mil.

Celano notou que havia algo errado quando checou que ainda havia mel nos favos dos cachos de abelhas, atestando que elas não morreram de fome.

A principal suspeita é o uso de agrotóxico em plantações que cercam o local. “No meu entender seria pesticida, porque a abelha morreu muito próximo da caixa e quando se abre a caixa, ela fica voando em volta”.

O apiário de Celano fica em uma área de preservação, a poucos metros de uma plantação de laranja e a um quilometro de um canavial. “Já tive oito perdas contando com essa. É difícil. Não sei se eu continuo, pois só estou investindo e elas estão morrendo. Não sei como vai ser daqui para frente”, disse Celano.

Agrotóxicos

O uso de agrotóxico afeta diretamente no meio ambiente — Foto: Agência Brasil

De acordo com o pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro e especialista em abelhas, Osmar Malaspina, a mortandade de abelhas aumentou nos últimos anos e, casos como o do apiário, estão mais comuns.

Malaspina afirmou que o extermínio pode estar relacionado aos produtos usados para o controle do greening em plantações de laranja e confirmou que não tem existe nenhuma doença que mata os insetos em grande quantidade de maneira rápida.

Além do prejuízo financeiro, as abelhas são importantes para a polinização e manutenção do ecossistema. Na região, um caso semelhante foi registrado em Santa Cruz da Conceição, cidade vizinha de Leme, no ano passado. A estimativa, na época, foi de 960 mil abelhas mortas pelo mesmo motivo.

Orientação para apicultores

O Colmeia Viva, um movimento do setor de defensivos agrícolas organizado pelo Sindicato Nacional das Indústrias de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), conta com uma assistência técnica para esclarecer dúvidas e compartilhar boas práticas de prevenção à mortalidade de abelhas.

Os agricultores, criadores de abelhas, aplicadores de defensivos agrícolas, distribuidores e outros profissionais ligados ao uso de pesticida podem entrar em contato pelo 0800 771 8000, todos os dias, das 7h às 19h.

(Fonte: G1)

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