Falecimento de Luciano Serafim leva junto um pedaço do jornalismo poético de Dourados
Dourados e o MS perderam na noite de sábado (4), a presença física do escritor e jornalista Luciano Serafim da Silva. Ele estava internado desde agosto por conta de quadro grave de diabetes, que evoluiu até o seu óbito, aos 48 anos. Alagoano de nascimento, em Dourados atuou no jornalismo e era ativista cultural, ocupando a vice-presidência do Grupo Arandu.
Além de poeta e escritor, Luciano também atuava na elaboração de projetos e ainda fazia edição de livros.
O anúncio da morte de Luciano foi feito pelo Grupo Literário Arandu, afirmando que ele deixa um legado de dedicação, talento e ativismo cultural.
“Ele era um escritor de mão cheia, com uma vasta produção que incluía obras para crianças, jovens e adultos, como os livros de poemas “Eu, entre nós” (2002), “Mordendo as lábias” (2006) e “Sururu com Coca-Cola” (2016), o livro de contos “Outro dia a gente sai” (2003) e o infanto-juvenil “Curumim de Asfalto” (2008). Sua versatilidade se estendia a roteiros de curtas-metragens e à redação de HQs.
Seu trabalho transcendeu as páginas”, escreveu o grupo.
O comunicado diz que Luciano Serafim era um verdadeiro motor cultural, ajudando a fundar o Grupo Literário Arandu em 1997, no qual permaneceu como integrante e vice-presidente ativo até o fim. “Ele também foi co-fundador da editora independente Arrebol Coletivo em 2013, demonstrando seu compromisso em impulsionar a publicação de autores regionais”. Além de escrever, ele era o responsável pela edição de arte e diagramação da Revista Arandu, colaborando com seu olhar apurado para a estética e design gráfico.
Um dos maiores reconhecimentos de seu talento veio do campo acadêmico, com seu livro de poemas “Sururu com Coca-Cola”, que foi leitura obrigatória do vestibular da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) por três anos seguidos (2022, 2023, 2024 e com possibilidade de ser em 2025), garantindo que sua voz, que funde as vivências nordestinas (Alagoas) com as sul-mato-grossenses, ecoasse para milhares de novos leitores.
Sua obra, que traz uma “tensão entre letra e página em branco”, é considerada um importante registro da vida e da arte contemporânea.
“Luciano era, sobretudo, um ativista cultural que não parava quieto, sempre promovendo oficinas, organizando sarau e pensando em como impulsionar a literatura e a arte em Dourados e em todo o estado. O Grupo Literário Arandu, com grande dor e saudade, reconhece e celebra o imenso talento, dedicação e a contribuição inestimável que Luciano Serafim deixou para a literatura brasileira. A ausência de nosso colega e amigo será sentida profundamente, mas sua vasta obra e seu legado de ativismo cultural permanecem como uma inspiração constante”, encerra o comunicado do Grupo Arandu.