Em mais um encontro no MS, crespas e cacheadas falam do poder pós transição capilar
O cabelo mexe com a autoestima de qualquer mulher, mas também é símbolo da força feminina. Tem o poder de melhorar ou estragar o dia que qualquer uma, principalmente, quando se trata dos fios enrolados. Para incentivar as madeixas e valorizar a cultura, no sábado teve mais um encontro “Crespas e Cacheadas”, no Shopping Bosque dos Ipês, em Campo Grande.
“A ideia é promover a aceitação dos cabelos crespos e cacheados, e da cultura racial porque quando se aceita o cabelo, aceita também a cor”, destacou uma das organizadoras do evento, Thami DiCarvi. Ela tem 29 anos, é influencer digital e assumiu os cabelos como são naturalmente.
Ela e mais outras influenciadoras realizaram o evento no shopping e novamente compartilharam relatos de preconceito e da dificuldade de restaurar o cabelo que foi submetido ao longo processo no salão. “O movimento é contra o uso da química. Também temos que dar chances ao cabelo cacheado”, disse.
Seja longo, médio ou curto, a proposta é aumentar a autoestima de todas as mulheres. Contudo, a pessoa que decidir assumir as mexas enroladas, tem que estar preparada para ouvir as críticas. “Precisa estar conformada, pois quando as afrontas aparecerem, não seja agredida psicologicamente”. “Como temos o passado do preconceito, vemos a necessidade de fazer isso. As pessoas acham que é moda, mas é um trabalho de formiguinha”, afirmou Thami.
Foi a quarta edição do evento e contou com batuques e dança africana. As pessoas que passavam pela praça de alimentação do shopping, paravam para ver o que estava acontecendo. Algumas mulheres ocuparam o palco e contaram as experiências de vida com relação ao cabelo.
As gêmeas, Geuzerli e Geuzerlini Oliveira têm os fios cacheados e resolveram aceitá-los há cinco anos. Contudo, ainda sofrem com o período de transição. “A gente parou de fazer a chapinha para restaurar os fios porque estava pouco demais. Estamos tratando ainda, porque danificou muito. Nos arrependemos de não ter aceitado antes”, disseram. O arrependimento e a aceitação fez com que uma das irmãs mudasse radicalmente. “Resolvi cortar e deixar crescer, mas quando cheguei em casa, cometei sobre o corte com minha mãe e fui para o quarto chorar”, recordou Geuzerli.
Elas têm 29 anos e relataram que alisavam os cabelos desde os 16 anos, após fazer chapinha pela primeira vez. “Antigamente não gostava do nosso cabelo. Uma vez saímos com nossa vizinha e ela pediu para fazer chapinha, e a gente gostou”.
Quando crianças tiveram de enfrentar as piadinhas de mau gosto na escola. “O pessoal falava que era cabelo bandido, que se não estava preso, estava armado. Por conta disso a gente vivia de cabelo preso. Porem, como lavávamos a prendia, ficava com um cheiro forte porque não secava”, lembraram Geuzerli e Geuzerlini.
Já a recepcionista Kathlen Batista, 22 anos, afirmou que sempre gostou das madeixas naturais. Os cachos combinam com seu visual e não pensa em mudar. “Sempre tive cabelo afro. Acho muito lindo, pois a primeira coisa que notam no local onde está é o cabelo, ainda mais quando é cacheado, crespo”.
(Por Alana Portela, do Campograndenews)