Sem autorização de desembarque, casal de MS está “à deriva” em navio no Pacífico
A nova pandemia tem acabado com as férias de muita gente. Agora, por exemplo, navio está “à deriva” em pleno Oceano Pacifico e entre os 2,4 mil passageiros um casal é de Campo Grande.
Mas ao contrário da tensão que apavora moradores em cidades no mundo todo, no cruzeiro, o clima ainda é de relativa tranquilidade, segundo os campo-grandenses, apesar dos 48 dias navegando e da incerteza sobre quando enfim irão poder chegar em terra firme.
“Parece até uma viagem normal. Chega ser estranho, pois não se instaurou um clima de desespero até porque o nervosismo não vai adiantar nada nessas circunstâncias”, comentou a aposentada Liliam Maria Gomes Damaceno.
Ela e o marido, o também aposentado Carlos Alberto Mesquita Damaceno saíram de Sidnei, na Austrália, no último dia 27 de janeiro, para enfrentar 45 dias de viagem no navio, não fossem os imprevistos que estenderam a viagem. O destino final seria Honolulu, no Havai e a primeira parada em Papeete, na Polinésia Francesa.
“Mas no meio do caminho fomos avisados de que não poderíamos atracar devido ao risco de contaminação da doença. Em seguida partimos para Nova Zelândia, mas novamente fomos impedidos de desembarcar”, comenta. A terceira parada ocorreu em Fiji, país da Oceania, onde mais uma vez a descida foi negada, gerando outra série de transtornos.
“Cada passageiro teria de comprar uma passagem para o seu destino e ao desembarcarmos, um ônibus nos levaria direto para o aeroporto para seguirmos viagem. No entanto, mais uma vez não pudemos atracar. Tivemos que cancelar as passagens e continuar no navio”, conta.
Liliam brinca que o gigante segue “sem destino” em alto mar. Nesta segunda-feira (16) o cruzeiro está atracado próximo ao litoral da Samoa Americana, aguardando para ser abastecido.
“Um outro navio virá até nós para efetuar o abastecimento, que deve durar ao menos mais 24 horas. Eles estarão com roupas especiais, mas nem mesmo a tripulação pode ter contato com quem vai vir executar o serviço”, explica.
Há 40 brasileiros no navio, mas Liliam e o marido são os únicos de Mato Grosso do Sul. Não há pessoas com suspeita da doença no cruzeiro e até algumas recomendações como o uso de máscaras ou álcool em gel, não fazem parte da rotina, de tão distante que é a realidade em que eles estão vivendo, se comparado a das cidades.
A aposentada também explica que alguns outros fatores contribuem para que mesmo diante desta situação, não seja instaurado o pânico no navio. “O atendimento da tribulação, por exemplo, é ótimo. Ontem nos informaram que o estoque de alimentos e bebidas no navio pode durar por muito mais tempo. É de fato como se nada tivesse acontecido então não temos do que reclamar”, comenta.
Segundo Liliam, mil e cem tripulantes atendem aos passageiros 24 horas por dia e também há computadores com sinal de internet para os passageiros. A NCL (Norwegian Cruise Line), companhia norte-americana dona do cruzeiro também já informou que vai fazer a devolução integral do valor da viagem aos passageiros. “Ou então irão dar um desconto na contratação de um outro cruzeiro”, completa.
Após o abastecimento a previsão é de que o navio enfim chegue em Honolulu. “Mas só vamos ter certeza se de fato vamos desembarcar, quando chegarmos mais próximos ao Havai, daqui uns 4 ou 5 dias. Então seguimos aguardando. Sem destino”, ela brinca.
Liliam e o marido planejaram a tão sonhada viagem com um ano de antecedência e mesmo com todos os imprevistos, ela garante que o único sentimento que não passa pela cabeça do casal, é o de frustração.
“Somos aposentados, estamos bem de saúde. Já passamos por lugares lindos, então não tem como não aproveitar e ficar feliz”, conclui.
(Fonte: Cam