Campanha faz homenagem às mães que trabalham na linha de frente do combate ao novo coronavírus
Médicas, enfermeiras, auxiliares, técnicas de enfermagem e mães. Uma campanha promovida pela plataforma Free Free em parceria com o Ministério Público do Estado de São Paulo presta homenagem a essas mulheres, que deixaram suas famílias e decidiram se dedicar ao enfrentamento à pandemia do Covid 19.
Como parte da iniciativa, a plataforma promove neste sábado, dia 9, às 16h (horário de Brasília), uma live no Instagram com Thelma Assis, médica e vencedora do BBB 20, para falar sobre o tema.
Escolhidas para representar as mães que estão na linha de frente no combate ao novo coronavírus, estão seis mulheres de São Paulo e Manaus. Através de relatos compartilhados por teleconferência, elas contam suas experiências, falam sobre seus medos, dificuldades e desafios neste período de crise. Por meio dos depoimentos, podemos conhecer quem são as mulheres por trás das máscaras, que colocam a própria vida em risco para salvar as de tantos outros.
— Queremos dar voz e o devido reconhecimento a essas mulheres guerreiras, que deixam seus filhos em casa e colocam suas vidas em risco em uma verdadeira demonstração de amor ao próximo. Elas são as verdadeiras heroínas e queremos que elas saibam e se sintam dessa maneira — diz Yasmine McDougall Sterea, presidente do Free Free, uma plataforma multidisciplinar e instituto que promove palestras e workshops com foco em promover a liberdade da mulher.
— As mulheres sofreram um impacto estrutural em suas vidas com a Covid-19. Além do medo, do confinamento, a dupla jornada se transformou em jornada integral. Para médicas, que são a maioria dos profissionais na linha de frente, há ainda o afastamento da família, a privação do sono e o fato de conviverem diariamente com a morte. Elas são mulheres-maravilha da vida real — relata a promotora Valéria Scarance, coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público de São Paulo.
‘Rede de apoio’
Em um dos depoimentos, a médica da família Lidia Martins, conta como sua rotina mudou com a chegada da pandemia. Ela atua em uma unidade básica de saúde de Manaus que se tornou uma das referências para casos suspeitos com sintomas leves e moderados de Covid-19. Lidia conta que a cidade está no seu pior cenário, com pouco respeito ao isolamento social e mais de 100 enterros por dia.
“Com meus pais, avós e minha irmã, que está grávida, não convivo há dois meses”, conta Lidia, que mora com o marido, também médico, e com o filho, que é autista.
“Daniel não vai mais para a escola, não pode mais conviver com a tia tão querida e não vai mais para as terapias e à natação… e agora? Prazer, continuo sendo a mãe que também é médica, mas agora é terapeuta e professora”, relata Lidia, dizendo que não faz isso sozinha.
“Você não consegue sozinha, eu descobri isso cedo. É preciso ter uma rede de apoio. Se até hoje eu consegui exercer minha profissão e ser uma mãe presente, é porque tenho a minha rede.”
(O Globo)