“Abrace o Pantanal” promove união para proteção de 2,5 milhões de hectares de áreas nativas
Uma força-tarefa no Pantanal, articulando comunidade local, Organizações Não Governamentais (ONGs) e setor privado, está lançando um projeto inédito no Brasil para preservar 2,5 milhões de hectares de áreas nativas do Pantanal, um dos mais importantes biomas do mundo. A iniciativa, lançada em junho, tem como foco a redução nos incêndios florestais na região por meio da detecção precoce do fogo, da resposta rápida das brigadas florestais altamente equipadas e qualificadas e da geração de dados analíticos, operacionais e de impacto na comunidade.
Batizada de Abrace Pantanal, a iniciativa, que é um dos maiores projetos do mundo de preservação ambiental por meio da detecção rápida e melhor combate à incêndios, conta com a articulação da umgrauemeio e participação da Brigada Aliança, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), do Polo Socioambiental Sesc Pantanal e da JBS. Para se ter uma ideia da dimensão do projeto, os 2,5 milhões de hectares de área nativa a serem protegidos praticamente equivalem à extensão territorial da Bélgica.
“Em 2020, foi inquietante ver 26% do Pantanal, uma das principais reservas mundiais da biosfera da UNESCO, ser consumida pelo fogo, comprometendo mais de 4 milhões de hectares, matando cerca de 17 milhões de vertebrados e emitindo milhões de toneladas de CO2 na atmosfera”, lembra o Chief Innovabilty Officer (CIO) e co-fundador da umgrauemeio Osmar Bambini.
A partir deste episódio, um primeiro plano de ação começou a ser desenhado para construir uma estratégia de monitoramento do Pantanal. Esse trabalho reuniu um grupo formado por representantes do ministério público, cientistas e pesquisadores, ONGs e setor privado com o objetivo de apoiar as instituições locais que historicamente combatem incêndios no bioma.
União de forças é o que garante o abraço
A resposta rápida de atuação acontece por meio do casamento entre diferentes expertises e tecnologias, como o sistema de detecção precoce de focos da umgrauemeio, a capacidade de comunicação, mobilização e planejamento de combate ao fogo das três centrais de gestão independentes Brigada Aliança, IHP e Polo Socioambiental Sesc Pantanal, e o financiamento da JBS para custear a aquisição e a instalação dos equipamentos e o apoio às brigadas.
A integração de informações, como localização das brigadas, recursos e equipamentos disponíveis, horário de acionamento, tempo de locomoção até o local do foco de incêndio, tempo de combate e extinção do foco e o contato com os proprietários de terra no entorno permitem a rápida resposta às emergências. Também estão previstas ações educativas de prevenção à incêndios junto das comunidades do entorno.
A detecção precoce de focos pelo software Pantera®, plataforma integrada para gestão do combate a incêndios florestais desenvolvido pela umgrauemeio, ocorre através de um algoritmo de inteligência artificial que, a partir do envio de imagens por câmeras de alta resolução instaladas no topo de torres de comunicação, identifica focos de fogo de forma automática e notifica os operadores do sistema. Cada câmera tem a capacidade de detectar focos de incêndio em questão de segundos, com a identificação do local exato do foco, acelerando os protocolos de combate.
As câmeras foram instaladas inicialmente em 11 torres já existentes, cada uma numa área total superior a 70 mil hectares, e vão prover imagens para a visão computacional do sistema nesta fase 1 do projeto, que é patrocinado pela JBS. O aporte da companhia no Pantanal soma R$ 26 milhões, distribuídos ao longo de quatro anos, dos quais R$ 8 milhões foram usados para financiar a instalação das torres.
Há, ainda, a detecção back-up de pontos de calor por satélites, que podem complementar a proteção de áreas que sofram menor pressão humana, assim como índice de risco de incêndios, que, juntos, contemplam a solução completa Pantera®. Nesta primeira fase, são mais de 2,5 milhões de hectares monitorados pela solução, começando pelo território da Serra do Amolar, região central do Pantanal sob governança do IHP. O local teve mais de 90% de sua rede de proteção afetada pelos megaincêndios de 2020.
A infraestrutura da umgrauemeio para funcionamento das câmeras, rede de comunicação, energia, transmissão de dados com manutenção local e remota mantém o sistema operacional ativo em regime de 24 horas nos 7 dias da semana.
O Abrace o Pantanal é parte de uma iniciativa ainda maior chamada Abrace a Floresta, que traz a visão holística de monitoramento e gestão do combate a incêndios em tempo real, além da proteção da biodiversidade por meio da plataforma Pantera®. Atualmente, cerca de 20% das emissões mundiais são provenientes dos incêndios florestais, e os esforços da umgrauemeio, após o lançamento desta primeira fase, estão em ampliar a área preservada no Pantanal e estender o projeto a outros parques e reservas nacionais, como a Chapada dos Veadeiros (Goiás) e Chapada dos Guimarães (MT), além de áreas da Amazônia.
“Esses recursos e as informações via satélite propiciam grandes ganhos para a detecção de focos de incêndio”, afirma Liège Correia, diretora de Sustentabilidade da Friboi. “Ações como essa beneficiam toda a cadeia de valor da pecuária, já que os incêndios devastam o ecossistema, prejudicam seriamente as propriedades rurais e lançam à atmosfera gases poluidores que provocam o aquecimento global”, destaca executiva.
Atuação de entidades no Pantanal
O presidente do IHP, Ângelo Rabelo, explica que diante das particularidades da região, que conta com áreas de serra que chegam a mais de 3 mil metros de altura, existe um grande desafio não só no combate, mas especialmente no monitoramento das ações preventivas que irão assegurar a proteção dessas regiões, principalmente da Serra do Amolar, que, junto com Parque Nacional, compõe o sítio do Patrimônio Mundial Natural pela Unesco.
“Na Serra do Amolar, já tínhamos a Brigada Alto Pantanal atuando desde 2020. Ela foi criada em meio aos incêndios que atingiram a região. Com esta iniciativa, vamos ter mais clareza na identificação dos focos, o que permitirá uma resposta ainda mais rápida dos nossos brigadistas. Com informações mais precisas, o trabalho da Brigada Alto Pantanal será ainda mais eficiente e conseguimos atingir nosso objetivo: preservar a fauna e a flora pantaneira”, afirma Rabelo.
Em 2021, a também parceira Brigada Aliança cadastrou e monitorou 150 propriedades nas regiões Sul e Norte do Pantanal e zona de transição. Foram mais de 330 mil hectares de fazendas cadastradas em uma área de atuação superior a 9 milhões de hectares nas cinco bases que mantém no local. Dos 104 incêndios combatidos pela Brigada Aliança na região em 2021, 60% houve o envolvimento direto dos produtores rurais e comunidade em geral.
“Mais que uma equipe altamente especializada na ciência do fogo, o grande diferencial do trabalho no último ano foi a tecnologia social. Além de combater o fogo, um dos maiores desafios foi estabelecer parcerias e uma relação de confiança com os produtores rurais da região”, afirma Caroline Nóbrega, pesquisadora e gerente-geral da Aliança da Terra, entidade responsável pela organização e manutenção das brigadas.
Os produtores das fazendas cadastradas estavam em contato direto com a equipe da Brigada mais próxima. Com o tempo, vizinhos e outras pessoas da comunidade também passaram acionar o serviço da Brigada. Criada em 2009, a Brigada Aliança tornou-se referência internacional no combate a incêndios florestais, tendo recebido apoio e treinamento da elite dos combatentes do Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS).
A iniciativa chamada Abrace o Pantanal foi lançada no mês de junho, na sede do IHP (Ladeira José Bonifácio – Centro, Corumbá – MS) estrategicamente na pré-temporada de incêndios no Brasil e antecedendo a semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. Com duração de três anos, esta primeira fase tem o aporte financeiro da empresa JBS e se apresenta como um dos maiores projetos do mundo de preservação ambiental por meio da detecção rápida e melhor combate à incêndios. (Da assessoria)