África não é representada na Festa de Nações de Rondonópolis

 

 

Luzia Nascimento, da Unegro Pantanal Rondonópolis: “Membros da comunidade negra questionam ausência da gastronomia africana na F Festa das Nações”.

Com foco na gastronomia, a cidade de Rondonópolis sediou por dois dias (8 e 9 de junho), a Festa das Nações, que neste ano atingiu sua oitava edição. Apesar do apelo filantrópico para recuperação e inclusão de dependentes químicos, o evento não inclui a temática africana em seu cardápio e nem nas peças de divulgação, amplamente massificada no município. Para entidades e representantes do movimento pela igualdade racial em Rondonópolis, a ausência do continente africano na festa acaba ignorando grande parcela da comunidade local, já que a maioria da população brasileira é de negros e pardos, descendentes da nação africana.

Para a professora Luzia Aparecida Nascimento, presidente da Unegro Pantanal Rondonópolis, a Festa das Nações é um belo evento com objetivo louvável, que é de arrecadar recursos em favor da Comunidade Terapêutica Divina Providência, que realiza um trabalho muito importante de recuperação de dependentes químicos realizado pelos cristãos católicos do município. “O ponto alto da festa é sem dúvida a gastronomia de diversas nações em que as pessoas se deliciam com os vários sabores e cores oferecidas no evento.

A grande ausência na Festa das Nações talvez seja a gastronomia dos países africanos”, observa. Luzia pondera que apesar de sermos um país eminentemente negro e pelo fato de Rondonópolis ter recebido recentemente um contingente considerável de negros advindos da nova diáspora africana e caribenha, “a grande nação africana ainda não tem sua gastronomia representada nesta bela festa”.

Ela argumenta ainda que, enquanto representante do movimento negro e conselheira do Conselho Municipal da Igualdade Racial de Rondonópolis, tem sido cobrada pela população negra a ausência nesta grande festa de integração das nações. “Creio que faltou diálogo com a comissão organizadora, desde que foi criada há oito anos. Não fomos procurados e também nunca procuramos a comissão organizadora”, citou.

Luzia Nascimento enfatiza que, apesar da distância da representação do povo afrodescendente e a organização da Festa das Nações de Rondonópolis, ela crê na abertura de diálogo e de gestos para que a rica e tradicional gastronomia africana esteja inserida nas próximas edições do evento. “Penso, no entanto, que é questão de tempo. Quem sabe para o próximo ano possamos construir um diálogo propositivo neste sentido e então acrescentarmos na gastronomia da festa os sabores da mãe África”, assinala a presidente da Unegro, que é a União de Negros e Negras pela Igualdade.

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