Ator negro: Grande coadjuvante, Gésio Amadeu sai de cena aos 73 anos vítima do Covid-19
Saiu de cena na tarde desta quarta-feira(5) o ator e diretor mineiro Gésio Amadeu, vítima de falência múltipla de órgãos, por complicações do Covid-19. O ator, internado há dois meses no hospital Sancta Maggiore,em São Paulo, com problema de pressão, foi infectado pelo novo Coronavírus dentro do próprio hospital..
Presença bissexta nos palcos nos últimos anos, Amadeu ficou conhecido como “o grande coadjuvante”, após crítica do jornalista Sábato Magaldi (1927-2016) sobre seu desempenho em Os Órfãos de Jânio, sátira político-social de Millôr Fernandes (1923-2012) encenada em 1981.
Com trabalhos de destaque na TV, Amadeu construiu sólida carreira nos palcos entre as décadas de 1960, quando estreou na montagem de O Coronel de Macambira, de Joaquim Cardozo (1897-1978), encenada em 1966, e 1990, quando se ausentou por mais de uma década após a montagem do infanto-juvenil A Sopa de Pedra, de Tatiana Belinky (1919-2013).
O retorno se deu em O Grande Grito, de Gabriela Rabelo, sobre um período da vida do modernista Mário de Andrade (1893-1945), recobrando carreira teatral que contou ainda com a montagem de obras como A Falecida e Boca de Ouro, de Nelson Rodrigues (1912-1980), sob a direção de Marco Antônio Braz, e O Colecionador de Crepúsculos, sob a direção de Vladimir Capella, todos em 2012.
Seu último trabalho em cena foi em A Última Sessão, escrito e dirigido por Odilon Wagner, e estrelado por nomes como Nívea Maria, Laura Cardoso e Etty Fraser (1931-2018), entre outros. Amadeu sai de cena com a discrição com a qual sempre levou sua trajetória artística, como um dos melhores coadjuvantes do teatro brasileiro por saber, como ninguém, valorizar cada entrada em cena e, principalmente, seus momentos fora dela.
Na TV, teve trabalhos de destaque em séries infantis como O Sítio do Pica-Pau Amarelo, na Rede Globo, e, mais recentemente em Chiquititas, do SBT. O ator deixou gravada a série inédita Sala dos Professores, de Leonardo Cortez e Thomas Miguez.(Por Bruno Cavalcanti, do Observatório do Teatro)