Benzedeiras resistem à modernidade e continuam curando em Dourados

Adélia Paulino da Silva mantém viva a tradição na casa em que mora, cercada de plantas medicinais – Foto: Vinicius Araújo

O benzimento é costume antigo e está no dicionário. Benzer vem do latim bene dicere, que significa bem dizer. Dizer bem de alguém e fazer o bem. Mesmo diante do mundo tecnológico e do avanço da medicina, as benzedeiras ainda atraem pessoas de diferentes crenças em busca de cura e paz espiritual.

Benzer é uma atividade, na maioria das vezes exercida por mulheres detentoras de sabedoria ancestral, destinada a curar uma pessoa doente, aplicando sobre ela gestos, em geral acompanhados por alguma erva medicinal, ao tempo em que se aplica uma prece.

Como a população continua procurando, a atividade se mantém viva, principalmente em cidades do interior. No Jardim Santa Maria, em Dourados, em uma casa cheia de plantas medicinais, vive a benzedeira dona Adélia Paulino da Silva, de 77 anos, ela conta como recebeu o ‘chamado’ para benzer.

“Eu tinha 62 anos, descobri o dom por um pedido que fiz para Nossa Senhora Aparecida e ela mostrou uma futura benzedeira”, relembrou. Adélia relatou ainda que aprendeu as rezas com a irmã mais velha, que também benzia.

Questionada sobre a diminuição de benzedeiras, dona Délia atribui a falta de fé como principal motivo. “Se tiver muita fé não é difícil benzer, agora se tiver pouca fé fica difícil”, destacou. Questionada sobre o que é ser uma benzedeira ela afirmou “É ter o dom de Deus e curar pessoas”.

Dona Adélia conta que recebe muitas pessoas de longe em sua casa para benzer, a maioria contra mal olhado e espinhela caída, também conhecida por Lumbago, é uma doença caracterizada por forte dor na boca do estômago, nas costas e pernas.

“Tem gente que já foi em médico com problemas e não foi curado e quando vem aqui recebe a cura”, relata dona Adélia que atribui o milagre à Deus.

(Por Cristina Nunes, do Douradosagora)

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