Brasil tem mais de 32 milhões de diabéticos e número pode alcançar 49 milhões de pessoas
O primeiro alerta de que precisaria ter atenção ao estilo de vida e adquirir hábitos mais saudáveis veio há 28 anos na vida da vendedora Cirlene Lopes Maschio, de Campo Verde (MT). Ela teve diabetes gestacional quando engravidou da primeira filha.
De lá para cá, em consultas médicas rotineiras sempre ouvia que estava pré-diabética. “Eu me cuidava, mas não era tão sério. Há apenas cinco anos que realmente mudei de vida, com alimentação balanceada e ajuda de nutricionista e atividades físicas regulares”, conta.
Cirlene não tem histórico familiar de diabetes, mas na faixa dos 40 anos decidiu levar a sério o status de pré-diabética. “A gente fica com medo de ter algo mais grave. Hoje como menos arroz, menos fritura, evito doces, opto por saladas, legumes. Além de tudo, me sinto melhor, com a autoestima em alta”, revela a vendedora.
Ela concorda com o estigma de que a diabetes é uma doença silenciosa, pois realmente os sinais e sintomas não são sentidos até que o quadro se agrave. De acordo com a Coordenadora de Clínica Médica do Hospital Santa Rosa, médica Renata Andrade (foto), o acompanhamento regular com profissionais da saúde pode impedir graves complicações pela doença.
A recomendação é que pacientes a partir de 45 anos, independente de fatores de risco, e os abaixo de 45 anos com sobrepeso ou obesidade com mais um fator de risco como histórico familiar da doença, hipertensão arterial, alterações no colesterol HDL e triglicérides, sedentarismo, diabetes gestacional, como foi o caso da Cirlene, façam exames específicos para rastreio.
“É importante ressaltar que o pré-diabetes é um estado de hiperglicemia com um risco muito elevado de desenvolver a doença e que mudanças no estilo de vida são fundamentais para a reversão do quadro. O paciente diabético tem complicações sérias se não mudar efetivamente os hábitos de vida e fazer o tratamento correto. Por exemplo, ele tem expectativa de vida de 4 a 8 anos menor, tem chances 2 a 4 vezes maior de ter infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico”, alerta a médica Renata.
O que é o Diabetes – O diabetes é uma doença crônica causada pela falta total ou relativa de insulina, que é o hormônio produzido pelo corpo que garante a entrega da glicose, principal fonte de energia, para dentro das células para um funcionamento adequado destas.
Existem o diabetes tipo I, o diabetes tipo II, o diabetes gestacional e outros tipos de diabetes. De acordo com a médica Renata, o diabetes tipo I é mais comum em crianças e adolescentes e há uma deficiência grave de insulina. “Geralmente o início da doença é abrupto e a deficiência ocorre por uma destruição imunomediada nas células do pâncreas, órgão responsável pela produção deste hormônio”, explica.
Já o diabetes tipo II é o tipo mais comum. É relacionado à obesidade e ao envelhecimento e caracterizado por uma deficiência relativa da insulina e uma resistência à sua ação no organismo. O diabetes gestacional é um estado de hiperglicemia diagnosticada na gestação. “Ela pode se resolver ao término da gestação ou pode perpetuar. É muito importante o rastreio durante o pré-natal para evitar complicações maternas e fetais”, afirma a médica.
Existem outros tipos de diabetes, que são doenças mais raras, mas também caracterizadas por deficiência de insulina.
De acordo com o estudo “Prevalência do Diabetes no Brasil”, da Sociedade Brasileira de Diabetes, 50% dos indivíduos identificados com diabetes não sabiam do diagnóstico. As mulheres ainda são as mais acometidas com a doença, mas o número de homens vem aumentando significativamente ano após ano.
Dados apontam que em 2019 eram 32 milhões de brasileiros com diagnóstico de diabetes. Em 2030, este número deve aumentar para 40 milhões e, em 2045, para 49 milhões. O Brasil também é o terceiro país com maior número de crianças e adolescentes acometidas com diabetes tipo I.
Sintomas e tratamento – “Em decorrência da insuficiência de insulina, as células não conseguem receber energia apropriada para seu funcionamento e o paciente pode apresentar, nos quadros avançados, sintomas como falta de energia, fome aumentada, perda de peso, sede excessiva e urina em excesso.”, afirma Renata Andrade.
Para tratar o diabetes, existem opções de tratamento com insulinas e diferentes classes de antidiabéticos orais que ajudam o pâncreas a liberar mais insulina no corpo e essa ter ação mais efetiva no organismo.
Mas, antes de tudo, é preciso tomar a decisão de mudar o estilo de vida. “O desafio é conseguir modificar os fatores que são modificáveis, como controlar obesidade e sobrepeso, ter uma alimentação saudável, com comida de verdade, realizar atividades físicas. A equipe de saúde conseguir rastrear mais rapidamente pacientes com risco elevado da doença. O paciente precisa entender que a mudança no estilo de vida não é uma punição, mas um planejamento de uma nova vida”, reforça a médica.
(Da assessoria/Dialog)