Cenas lamentáveis: briga entre prefeitos suspende partida de futebol em MS
Vídeo:
Aproximadamente 9 minutos do primeiro tempo no Estádio Arthur Marinho, em Corumbá –a 419 km de Campo Grande. Aos olhos dos prefeitos dos municípios em campo, a equipe de Caarapó vencia a seleção de Vicentina pela quarta fase da Copa Assomasul por 1 a 0 com gol marcado pelo camisa 5, Felipe, e marretava no ataque, quase ampliando o marcador. Então, o jogo para.
Não era nenhum lance no gramado, e sim uma briga entre os prefeitos das duas cidades. As cenas lamentáveis com direito a chutes, palavrões e acusações levaram à suspensão da partida. Além disso, geraram troca de acusações entre os envolvidos
O futebol da tarde de domingo (12), patrocinado pela Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul), acabou interrompido pelos prefeitos Marquinhos do Dedé do Dedé (PSDB), de Vicentina, e André Nezzi (PSDB), de Caarapó, este também diretor esportivo da entidade. A partida transmitida online pela TV Sobrinho teve as imagens cortadas e divulgadas por redes sociais.
O foco deixa o gramado e mira na barraca onde estavam as autoridades da partida. Fontes relataram que o problema começou logo que o time de Caarapó ganhou um lateral depois de quase ampliar o placar. “O prefeito de Vicentina não gostou, desceu no campo, invadiu o gramado e foi em cima do André Nezzi, dizendo que ‘comprava os juízes, que comprava todo mundo’, e falou um monte de coisa”.
Dois times, nenhum brigou com outro’
A testemunha prosseguiu: afirmou que Nezzi também se levantou e também ofendeu o colega prefeito. A seguir, houve troca de empurrões e água jogada na confusão. Um jogador do time de Vicentina teria derrubado Nezzi e sua mulher, também presente, que sofreu escoriações ao cair sobre uma caixa térmica com água –fato que o prefeito de Caarapó reiterou ainda no Arthur Marinho.
A transmissão também flagrou trechos do pós-briga. Dedé aparece reclamando da comissão de arbitragem, apontando que seu time estaria sendo prejudicado. “Quarto mandato nessa b…, meu quarto mandato”, declarou.
“Dos dois times, nenhum brigou com o outro. Jogadores, comissão técnica”, reforçou a testemunha à reportagem. Dedé ainda teria tentado provocar um dos jogadores de Caarapó, que estava suspenso e, caso se envolvesse em confusão, poderia ficar fora do campeonato. “Ele falou que teve de aguentar calado”. A direção encerrou a partida.
Minutos depois, os prefeitos falaram à imprensa separadamente. Das arquibancadas do estádio, Marquinhos do Dedé reclamou do fato de Nezzi estar “dentro do gramado”, mesmo sendo interessado no resultado da partida. “É uma coisa que não é normal. Eu assisti de fora, Camapuã [o time da cidade jogou naquela tarde] de fora, então, nenhum prefeito lá dentro com a equipe organizadora”, afirmou.
Ainda segundo o prefeito de Vicentina, seu time foi “prejudicado”. “Eu, como torcedor, falar com o árbitro eu não posso. Como prefeito, nunca falei. Pedi para o prefeito de Caarapó respeitar. Ele jogou água em mim. Falou que ia me pegar e ameaçou. Agora, porta de santo. É uma vergonha uma entidade o beneficiar. É o primeiro jogo que ele participa, quatro mandatos e ele não participou de nenhum. E agora vem agredir a gente”, disparou Dedé.
‘Fato lamentável’, diz participante de briga entre prefeitos
Na sequência, de dentro do gramado, André Nezzi deu sua versão. “Fato lamentável, mas acredito que estão transmitindo aqui, todos aqui são testemunhas. Durante o jogo eu não estava como torcedor. Estava como diretor esportivo [da Assomasul], acompanhando jogo ao lado da esposa, com a comissão da Assomasul”, começou o prefeito de Caarapó.
Nezzi prosseguiu. “O prefeito de Vicentina, exaltado, da arquibancada, ofendia a todos. Ele desceu, invadiu o campo e veio ofender, dizendo que estava ‘comprado’, juiz roubando. Pelo jeito estava bêbado”, disparou. “Quando começou a falar e empurrar gente tive de levantar. N;ao tenho sangue de barata. Começou a discussão, eu exaltado, e o 9 deles, covarde, veio pelas costas e deu uma ‘pesada em mim, acertando minha esposa, machucando o braço dela”.
O gestor de Caarapó não poupou críticas ao “adversário” de Vicentina. “É o tipo de prefeito que representa Vicentina, não merece um cidadão desse porte”, afirmou, apontando que em rodada anterior Dedé já teria causado confusão. “Um espetáculo de horror”, prosseguiu Nezzi, ao afirmar que Dedé teria viajado “quase 700 km para fazer uma pouca vergonha dessas”.
Dedé vê ‘discurso infeliz’ de Nezzi em episódio ‘lamentável’
À reportagem, Marquinhos do Dedé afirmou ser “lamentável este ocorrido”, também disparando críticas a Nezzi. “O prefeito de Caarapó fez um discurso totalmente infeliz na abertura dos jogos, intimidou nossos funcionários e, na parte da tarde, quando estava jogando Vicentina contra Caarapó fui falar com ele e ele jogou uma garrafa de água em mim”.
Segundo o prefeito de Vicentina, ele desceu ao gramado porque não conseguiriam lhe ouvir das arquibancadas. “Não iniciei a confusão, reclamei da arbitragem e ele gritou lá do campo, então, desci para falar com ele e, no meio da conversa, ele jogou a garrafa em mim. Insinuou até que eu estivesse bêbado, sendo que eu não havia ingerido nenhuma bebida alcoólica”, prosseguiu Dedé, reforçando que sua entrevista em vídeo atesta ele não estar alcoolizado.
“Em momento algum agredi ele, muito pelo contrário, fui agredido, chamado de vagabundo. Ele me ameaçou até de morte. Ele agrediu funcionários da Prefeitura de Vicentina, também”, complementou Dedé. O prefeito de Vicentina disse que estava retornando de viagem e consultaria o Jurídico para avaliar que medidas poderiam ser tomadas no caso.
André Nezzi, por sua vez, reforçou à reportagem ter agido por impulso, tanto após ser alvo de ameaças de Dedé como por ter visto sua esposa se ferir com as agressões.
O prefeito de Caarapó reiterou acusações feitas contra Marquinhos, colocou o cargo de diretor de Esportes da entidade à disposição e cobrou punição ao colega de Vicentina por parte da associação. Do contrário, fala até em deixar a entidade municipalista (leia mais aqui).
A Assomasul também foi procurada via assessoria, mas não houve retorno até a veiculação desta reportagem.
(Por Marcos Morandi e Humberto Marques, do Midiamax)