Com um “novo olhar”, engenheiro cita bons exemplos de acessibilidade em Dourados
O engenheiro civil Paulo Figueiredo (foto), trabalha no setor de análise aprovação de projetos da vigilância sanitária, em Dourados. Ele comenta que a cidade tem evoluído no processo de acessibilidade para os pedestres, principalmente quanto às calçadas. Paulo Figueiredo é o profissional que analisa os projetos os projetos em construção para aprovação da Prefeitura, como a acessibilidade dos estabelecimentos.
“Se a atividade do estabelecimento do proprietário for relacionado á saúde, medicamentos ou alimentação, ele precisa da aprovação da vigilância sanitária, e esse é o serviço que faço, para aprovar aqui e atender as normas sanitárias,” observa o engenheiro.
Paulo explica que a sanção de quem não segue as normas é não ter o projeto aprovado e não receber o habite-se. O profissional fomenta os diversos erros na implantação do piso tátil em desobediência a uma norma brasileira, que é a NBR16537 2016. Ela valida o projeto de edificação de cada estabelecimento, como os projetos de calçadas, seja residencial ou comercial.
O engenheiro explica que um dos erros mais comuns cometidos nesses projetos e execuções que a prefeitura até então estava tolerando, é a colocação do piso tátil de alerta, o famoso “de bolinhas”, nas entradas das garagens. “A preferência na calçada é do pedestre. Mesmo nos postos de gasolina, que tem carro entrando e saindo a todo momento, a norma prevê que o piso tátil do posto de gasolina seja o direcional e não de alerta. Pois é o carro que tem que parar, não o pedestre,” enfatiza Paulo.
O profissional da vigilância sanitária enfatiza a prioridade e responsabilidade que seu trabalho carrega, para que os deficientes visuais consigam ter livre acesso às vias públicas. A importância das normas para a melhora da leitura se contrapõe até com as laterais do piso, sendo obrigatoriamente o mais liso possível, caso contrário o piso de acesso fica rugoso e a bengala do deficiente visual ficará trepidando e dificultando a locomoção.
Conforme Paulo, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou no ano de 2016,a norma ABNT NBR 16537, que permite largura mínima de 25 cm para piso tátil, com a recomendação que as faixas de alerta possuam 40 cm de largura, para que sejam melhor identificadas através de desenho, e que regulamenta qual a distância do piso tátil ao poste, por exemplo.
Essa norma explica também a importância das cores do piso tátil, justamente por que somente o relevo é insuficiente, Dados do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, 18,6% da população brasileira possui algum tipo de deficiência visual.
O engenheiro explica que existem muitas pessoas com baixa visão e que não os permitem enxergarem cores, mas sim o contraste entre elas. Através das normas ABNT, se faz necessário fazer a medição com um aparelho para possuir em média, acima de 30 pontos de contraste, que são certas quantidades de Valor da Luz Refletida (LRV).
“Estamos usando preto nas cores do piso tátil, usamos numa drogaria no centro da cidade e também no Hospital Universitário, porque esta cor atende o requisito de contraste com o piso acimentado”, relata Paulo.
Bons exemplos – O engenheiro Paulo aponta os bons exemplos de calçadas acessíveis em Dourados, como nas quadras da Vila Militar do Exército, no quadrilátero da rua Ponta Porã/rua Antônio de Carvalho/rua Issat Bussuan, onde foram executadas atendendo as normas da NBR 16537/2016. Estas calçadas tem faixas delineadas e constantes, rampas nas esquinas e entradas de veículos (garagens) sem utilização de piso tátil de alerta. E constata que foi a primeira calçada acessível da cidade a utilizar a “referência edificada” nos trechos em que a largura estreita impossibilita a instalação do piso tátil.
“O projeto inicial previa a utilização de “paver” em toda a calçada, mas a equipe de engenharia do hospital, para atender a norma brasileira, substituiu as faixas laterais previstas em “paver” por cimentado desempenado (piso liso)”, explica o engenheiro.
As lojas da farmácia Drogasil implantadas recentemente em Dourados, filiais da Avenida Presidente Vargas, Avenida Dom Redovino e Avenida Guaicurus, também são usadas como referência de bom exemplo de calçadas acessíveis.
“Esperamos que estes e outros bons exemplos inspirem nossas autoridades e profissionais para introduzirmos em nossa cidade e no restante do pais um círculo virtuoso de projetos acessíveis em busca da equidade, cidadania e mobilidade para todas as pessoas. Quando fazemos palestras apontamos vários erros. Então vamos divulgar os acertos também, como o que estamos fazendo nesta reportagem,” conclui o engenheiro.
(Com reportagem de Karol Viana)