Covid-19: “Brasil terá janeiro mais triste de sua História”, prevê pneumologista
A pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo alertou que as festas de fim de ano serão responsáveis por levantar uma nova onda de coronavírus no Brasil. “Teremos o janeiro mais triste da nossa História porque nós falhamos em trazer uma consciência cívica da gravidade do que estamos vivendo”, disse ela em um debate promovido pelos jornais O Globo e Valor, reproduzido pelo “Último Segundo”, do jornal O Dia.
Segundo a especialista, a epidemia mudou de lugar: saiu das ruas e entrou nas casas porque os jovens, acreditando serem invulneráveis, abandonaram o isolamento social e levaram o coronavírus para seus pais e avós.
“Lamento, não dá para fazer festinha de Natal. Pode reunir no máximo seis ou sete pessoas, sob pena de expor nossos entes queridos a um risco que eles não merecem. E não vai ter festa de réveillon, para que nós estejamos vivos para os próximos que virão”, afirmou Margareth.
O médico Drauzio Varella ressaltou que a vacinação, apesar de já estar acontecendo em outros países, ainda é um sonho distante para o brasileiro. Além disso, segundo ele, a vacina não é a solução definitiva. O coronavírus vai continuar circulando, e as medidas de segurança deverão ser mantidas.
“Eu acho que, infelizmente, muitas pessoas vão morrer por causa das festas de fim de ano, em meio a essa ilusão de que agora temos uma vacina e o problema ficou para trás. Em 2021 teremos que tomar os mesmos cuidados: andar de máscara, evitar aglomerações, tudo igual. Qualquer outra mensagem é falsa, não está de acordo com a realidade”, concordou o médico.
A economista Monica de Bolle destacou o agravante de a segunda onda — ou a continuação da primeira, dado que a pandemia nunca chegou a ser controlada no Brasil — atingir o país num momento em que a população não terá a proteção do auxílio emergencial, e o governo, com o fim do estado de calamidade, terá pouco espaço de manobra orçamentária.
“O risco que nós corremos é o de termos uma espécie de convulsão social, de a população ir para as ruas. Nós não vimos isso até agora, mas está ficando cada vez mais difícil imaginar que isso não ocorra”, afirmou. (Voz da Serra)
(IG)