CPI vê sonegação de R$ 600 mi por ano e prevê ”escândalo do ouro” em MT
Com a avaliação de que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga na Assembleia Legislativa a Sonegação e Renúncia Fiscal é uma necessidade para Mato Grosso, o deputado Wilson Santos (PSDB) disse que os trabalhos devem ser prorrogados por mais 180 dias. “O noticiário de uma forma geral já começa a mostrar o Estado atuando no combate à corrupção. Já é consequência da existência que a CPI aqui na Assembleia já tem provocado”, disse Santos, que preside a Comissão.
Ele se referiu as ações que vem sendo desencadeadas em conjunto pela Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) e Policia Judiciária Civil no cerco aos sonegadores, como a que foi divulgada na quarta-feira (9), com a Operação Fake Paper. A operação revelou um esquema que envolvia três empresas fantasmas que emitiram mais de 6.400 notas fiscais frias, no valor de R$ 337 milhões, que causou um prejuízo no pagamento de impostos de R$ 40 milhões, dos quais R$ 5 milhões já foram recuperados.
Na área de combustíveis, Wilson Santos disse que a própria Sefaz já mostrou em um relatório que há uma perda de mais de R$ 600 milhões por ano. “Isso sempre foi negado pela Sefaz e pela primeira vez ela apresenta um documento oficial reconhecendo 618 milhões de reais de sonegação/ano”, informou. A área da mineração também foi taxada pelo deputado como um verdadeiro “escândalo”, com notícias revelando esquemas de sonegação envolvendo a venda de ouro, diamante e outros minérios.
“Então, a CPI é uma necessidade para Mato Grosso. Nós estamos cada vez mais aliados e há um consenso entre os deputados de que ela precisa ser postergada. O trabalho é profundo, é lento, é vagaroso. Nós não temos o devaneio juvenil de que vamos acabar com a sonegação em Mato Grosso, até porque são seres humanos que estão por trás disso. Mas nós queremos construir legislações que reduzam ao máximo a sonegação no Estado que alguns falam em até R$ 5 bilhões, ninguém sabe quanto precisamente se sonega em Mato Grosso”, disse o deputado
NOME JÁ OUVIDOS
Entre os empresários já ouvidos do setor de combustíveis Santos citou os depoimentos dos empresários Aldo Locatelli e de Júnior Mendonça, que foram importantes até porque revelaram informações sobre o modus operandi dos sonegadores incluindo a existência de postos laranja.
Ainda no segmento de combustíveis, Santos informou que dois nomes ligados à Federação Nacional de Combustíveis serão ouvidos pela CPI. “Gente que tem experiência, que pode ajudar. Porque o bom empresário não tem interesse em sonegar, empresário quer viver num ambiente saudável, ambiente limpo, higienizado do ponto de vista ético. Ele não quer pagar propina, viver a vida inteira chantageando, muito menos sendo chantageado. Então esse empresário quer colaborar com a CPI”, ressaltou Wilson Santos, que também anunciou a participação de um membro do Ministério Público de São Paulo, que, em relação à sonegação de combustíveis, já tem um trabalho bem adiantado.
Outro ponto importante citado por Wilson Santos é a expectativa de a CPI tomar conhecimento da delação feita pelo empresário Wagner Florêncio Pimentel, que foi assassinado em fevereiro (era acusado de chefiar um grupo que sonegou R$ 140 milhões). “Ele fez a delação completa, já temos a informação. A CPI já aprovou o requerimento e em breve teremos [a delação] porque ali ele entrega muitas pessoas para quem ele trabalhava. Os praticantes do assassinato também denunciaram algumas pessoas, então nos vamos continuar”. Segundo o presidente da CPI, na área de frigoríficos, a deputada Janaina Riva (MDB) prepara também uma grande investida e a área do agronegócio está a cargo do depurado Valmir Moretto (PRB). “Então, a CPI está ganhando velocidade”, avaliou.
DEPOIMENTO DE SILVAL
Sobre o depoimento do ex-governador Silval Barbosa, que estava marcado para quinta-feira (10) e foi suspenso, Wilson Santos garantiu que a convocação dele está mantida e que houve apenas a redefinição de datas. “O ex-governador comparecerá à CPI. Ele será sabatinado sobre dois tópicos: incentivos fiscais e sonegação na sua gestão, como isso acontecia na sua gestão. Ele vai ser perguntado qual o caminho da sonegação. Quais os agentes públicos que operacionalizavam, quais são as sugestões que ele dá para fechar os caminhos da sonegação”, disse Wilson, garantindo a convocação de Silval ainda para este ano,
(Assessoria)