Deputada diz que é retrocesso a proposta da Prefeitura de Dourados sobre educação especial
Tendo a Educação como uma das áreas de atuação em seu mandato, a deputada estadual Lia Nogueira (na foto com mães) participou na quinta-feira (23) da audiência pública “Projeto de Lei da Educação Especial”, na Câmara Municipal de Dourados, para debater a alteração da Lei 118/2007, que muda as funções e atribuições do professor da educação especial para professor de apoio pedagógico educacional, proposta pela administração municipal.
“Na rede municipal de ensino existe uma política da educação inclusiva, e é em defesa dessa política que estamos aqui. É um legado que minha mãe, a professora Elza Pedrozo, um dos principais nomes da educação inclusiva no Estado, deixou. Ela foi uma das pessoas que levantaram a importância do professor apoio na sala de aula para que a criança especial fosse inserida no ensino regular e tivesse os mesmos direitos de uma criança que não tem problema algum. Nós estamos tratando de uma questão muito séria”, enfatizou Lia Nogueira.
De acordo com a deputada, o município está querendo destruir uma política que foi feita para acolher e defender o direito ao ensino público de qualidade para as crianças especiais, ao acabar com papel do professor de apoio e criar a função de mediador.
A professora Maria Suely Lima da Rocha destacou que para desempenhar a função, os educadores fazem capacitação, a fim de oferecer o necessário para o aluno atípico. “Estão querendo fazer um concurso para fazer do professor um mediador e tirar o avanço que as crianças especiais tiveram, o de ter um professor. Estamos retrocedendo! Todo estudo que fizemos, como pós-graduação, não valeram de nada”, afirmou.
Mãe de uma criança atípica, Hederléia Sanabria Nantes, reforçou que por conta da falta de apoio e oferta de terapia para as crianças, por parte da rede pública de Saúde, a escola talvez seja a única oportunidade que muitas terão de receber estímulos adequados.
“Não é a realidade de uma criança que tá na periferia, por exemplo, que a mãe depende do posto de saúde e só consegue ir administrando com medicação. A escola é a única esperança dela ter esse treinamento, com um professor especializado em alfabetização e que tem todo esse conhecimento, que estudou, porque a gente sabe que não é uma licenciatura normal. Uma licenciatura simples você não vai ter treinamento especial para atender todos os tipos de necessidade dessa criança desde a fala, a audição e a comunicação, seja ela verbal ou não”, destacou Hederléia.
Ela completou que as crianças precisam ser alfabetizadas com o uso de técnicas adequadas, aplicadas por professores especialistas, principalmente por não poderem contar com terapias específicas. “Essa é a realidade de Dourados, a criança não tem acesso ao básico, pelo município, então quando ela vai para escola ela precisa pelo menos ter um intermediador que tenha conhecimento”, frisou.
A audiência foi proposta pelo vereador Elias Ishy (PT), com a participação do vereador Olavo Sul (MDB) e do Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados).
(Da assessoria)