Do MT ao PE: Depois de 54 anos, filha viaja mais de 3 mil km para dar o 1º abraço no pai

Severino e Andréa se encontraram pela primeira vez em 54 anos

O aposentado Severino Ramos da Silva, de 80 anos, e a cabeleireira Andréa Pacheco Evangelista Farias, de 54 anos, se encontraram pela primeira vez e estão passando o primeiro Dia dos Pais juntos neste domingo (14). Os dois não se conheciam e, após uma busca pela internet, a filha conseguiu localizar o pai e voou até outro estado para abraçá-lo pela primeira vez. “É uma coisa que não se explica. Sem conhecer, eu já o amava. Tinha uma vontade muito grande de abraçá-lo. É o que eu digo para ele hoje: o que passou, passou. Eu não vim para questioná-lo. Vim para amar e ser amada”, relata a cabeleireira.

Andréa mora em Rondonópolis,  no sudeste de Mato Grosso, mas nasceu em Recife, no Pernambuco. Os pais dela namoraram e foram noivos, mas quando a mãe, Severina Pacheco dos Santos, engravidou, a relação acabou e os dois nunca mais se viram. Andréa nunca havia visto ou falado com o pai.

A cabeleireira foi criada pela mãe, que foi cozinheira por 48 anos de uma família que acolheu as duas. Em 1998, ela se casou e se mudou para Mato Grosso, onde vive até hoje.

“Quando eu era criança e as pessoas perguntavam quem era meu pai, eu dizia: ‘Meu pai morreu’. Aquilo me fazia mal. Minha mãe passou para mim que o amor não existe e eu cresci pensando assim. Mas em 2015 nasceu uma vontade muito grande de conhecê-lo. Antes, eu não tinha esse interesse, mas depois que casei e tive quatro filhos, essa vontade cresceu em mim”, conta.

Em 2015, com os dados do pai passados pela mãe, Andréa começou procurar Severino.

“Entrei em grupos que buscavam famílias nas redes sociais. Em um dos grupos, uma pessoa me mandou mensagem dizendo que sabia quem era meu pai. Foi quando confirmei que ele estava vivo. Fiquei muito feliz”, relata.

m 2020, a mãe de Andréa morreu de Covid-19. Um ano depois, ela descobriu que o pai estava em Carpina, uma cidade no interior de Pernambuco. Cerca de 2.700 quilômetros os separavam.

Com a ajuda de uma amiga que tinha conhecidos na cidade, a filha descobriu o endereço de Severino. “Foram de casa em casa e encontraram três pessoas com o nome e sobrenome dele. Um deles era o meu pai”, diz.

Severino conta que quando foi procurado não teve dúvidas.”Chegaram aqui falando que tinha uma filha procurando o pai, chamado Severino. Perguntei como era o nome da mãe dela e responderam que era Severina. Falei: ‘Essa menina está certa’. Era ela”, relata.

Desde outubro do ano passado, Severino e Andreia tentaram se encontrar três vezes, mas nenhuma deu certo. No último dia 5, a cabeleireira conseguiu finalmente embarcar para Recife. Severino deu o primeiro abraço na filha.

“Quando fiquei sabendo dela, fiquei muito feliz. E quando soube que ela conseguiria vir me ver, senti uma emoção muito grande”, conta o aposentado.

cabeleireira conta, feliz, que além de um pai, ganhou também um irmão que antes não conhecia – até então, Andréa era filha única.”É uma emoção muito grande. Desde outubro do ano passado eu falo com o meu pai pelo telefone todos os dias, mas finalmente posso abraçá-lo”, narra Andréa.

Vídeo:

(Por Kethlyn Moraes, do G1/MT)

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