Eduardo Ramos: Um jornalista em favor da vida e contra o negacionismo em Rondonópolis

Um cidadão da comunidade de Rondonópolis tem se destacado nos meios de comunicação e grupos de redes sociais em defesa da vida, da vacinação das crianças e em favor de medidas de restrições para conter o avanço do contágio e mortes por covid 19. Seu nome é Eduardo Ramos (foto), jornalista conhecido, reconhecido e respeitado pela sua trajetória de vida e de trabalho local e regional.

Em função da polêmica contra vacinas em crianças e a insurgência de alguns setores conservadores do município contra medidas restritivas, ele tem se posicionado em defesa da vida e alertado sobre a necessidade de ações efetivas de combate a doença, baseada na ciência.

Num artigo de sua autoria, ele descreve com lucidez sobre a pandemia e faz considerações sobre as medidas que Rondonópolis tem feito para seu combate.

A pandemia não acabou

Por Eduardo Ramos *

Tenho acompanhado as reações às medidas anunciadas pela Prefeitura de Rondonópolis, restabelecendo algumas restrições no município. Entendo os que reclamam. O problema é que muitas críticas parecem desproporcionais e, pior, surgem desacompanhadas de alternativas.

Vamos ao que foi decidido. Os estabelecimentos comerciais terão de cessar o funcionamento por volta da meia noite, cumprindo as normas preventivas. Ok, têm uma galera que adora atravessar as madrugadas em bares, boates e outros estabelecimentos. Mas, convenhamos, trata-se de uma minoria e ninguém morrerá por ter de ficar alguns dias sem os embalos da madrugada.

Ficou estabelecido que o município suspenderá a emissão de alvarás para shows e eventos com aglomerações de pessoas. Se há alguma crítica a isso certamente é a demora. Os especialistas defendiam esta medida há pelo menos três semanas, quando ficaram evidentes o aumento de novos casos causados pela rápida disseminação da variante ômicron.

A Prefeitura limitou a 50% a ocupação do Luthero Lopes em dias de jogo. Salvo engano, o público médio dos últimos jogos não supera esse percentual máximo agora estabelecido. Também está suspensa a venda de bebidas e será exigido dos torcedores o uso de máscaras e o comprovante de vacinação. Normal, né?

A questão mais delicada parece ser a exigência da vacinação para que as crianças frequentem presencialmente as atividades na rede municipal de ensino. O município garantirá postos de vacinação nas unidades e a imunização será feita com autorização dos pais.

Esta medida é orientada por várias autoridades de Saúde – no Brasil e em outros países. E, sim, há aqui dúvidas sobre a obrigatoriedade ou não da imunização das crianças. É discutível se o Poder Público pode negar o acesso de alunos não vacinados. Mas faz sentido obrigar crianças já imunizadas a conviverem no mesmo espaço de outras cujos pais optaram por recusar a vacina? Aqui devemos lembrar também que a grande maioria dos pais são favoráveis à vacina.

A verdade é que a pandemia não acabou. Mesmo com a maciça contaminação que observamos agora e com o avanço da vacinação, nada garante que ela cederá no curto prazo. Os casos de pessoas contaminadas mais de uma vez derrubaram a tese da imunização coletiva (ou ‘imunização de rebanho). E já vimos que mesmo as pessoas já vacinadas podem se contaminar – mesmo apresentando, em geral, sintomas mais leves.

A realidade está aí e nada conseguiremos simplesmente negando a necessidade de medidas visando conter a pandemia. No que diz respeito às autoridade públicas existe inclusive a obrigação de agir. Os que nada fazem serão responsabilizados num futuro próximo – pela história e também pela Justiça. Podem aguardar.

A todos, homens públicos e cidadãos, cabe agir com o que já temos de informação e recursos. Não faz sentido, por exemplo, os quase 30 mil rondonopolitanos que sequer tomaram a primeira dose da vacina. Inexplicável também a resistência ao ‘singelo’ passaporte da vacina que visa, sobretudo, estimular a imunização.

Das entidades representativas espera-se um comportamento que harmonize a defesa das respectivas categorias à consciência sobre a gravidade do momento. A luta contra a pandemia travada por elas deveria envolver o estímulo à imunização, mais cobranças às autoridades e medidas voluntárias.

Melhor que ser contra o passaporte, é exigir dos próprios funcionários e fornecedores a vacinação. Melhor que politizar a discussão, é exigir de todas as autoridades o planejamento e as medidas (inclusive preventivas) para aprimorar o combate à pandemia. Melhor que reclamar, é ajudar. Seria bem-vindo, por exemplo, um fundo bancado pelos grandes empresários para comprar testes que poderiam aliviar a pressão sobre a rede pública de saúde.

Já deu para perceber que o prolongamento da pandemia, e os surtos cada vez mais regulares, causam um impacto negativo inevitável – à vida, aos serviços públicos, à economia, aos negócios.

Resta saber quantas mortes e quanto sofrimento serão necessários ainda para convencer todos de que esta luta só terá bons resultados com ciência, união e cooperação. (

* Eduardo Ramos é jornalista e acadêmico de Direito

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