Empresas adotam o conceito do telhado verde em suas construções

Além de ser uma opção sustentável, telhado é um bom isolante térmico.
Alternativa pode reduzir até 70% do calor e economizar na conta de energia

Para compensar a falta de verde nas cidades, por que não esverdear o telhado? O que já é realidade em vários países do mundo, começa a ganhar força no mercado brasileiro. O telhado verde é um excelente isolante térmico: no verão, pode diminuir em até 70% o calor, dependendo da construção. Além disso, também é um protetor de ruído e absorve a água da chuva. Em média, o custo por metro quadrado é de R$ 140. “[É possível esverdear qualquer telhado] Desde que você esteja atento a algumas condições técnicas, como excesso de peso que você vai ter, uma boa saída de água, um bom escoamento da água e tem que estar totalmente estanque e impermeabilizado. Não pode passar água através desse telhado se não vai dar vazamento”, explica Sérgio Rocha, diretor executivo do Instituto Cidade Jardim.

A primeira regra para se montar um telhado verde é ter uma estrutura que suporte o peso. A média é de 80 kg por metro quadrado saturado de água. A escolha da planta também é importante e a vegetação suculenta aguenta 20 dias sem irrigar. No caso da adubação é a mesma coisa, pois há telhados que duram de cinco a seis anos sem precisar de adubo. A equipe de reportagem acompanhou a montagem de um telhado verde em uma casa em São Paulo. O dono estava incomodado com as telhas, que aumentavam o barulho da chuva e esquentavam a varanda abaixo em dias de sol, isso sem contar o visual, que não era dos mais bonitos. Um telhado convencional, de 32 metros quadrados, se transforma em um telhado verde de São Paulo em menos de 20 minutos, a contar do plantio são necessários mais 45 dias para a natureza fazer a sua parte e o verde se espalhar pelos tabuleiros deixando a imagem ainda mais bonita.

A água que sai de uma mangueira de borracha reciclada de pneus velhos é o suficiente para assegurar o crescimento saudável das plantas. ”Dá para andar tranquilamente. Se quiser fazer um gramado para jogar futebol numa laje, dá pra fazer tranqüilo”, conta Sérgio Rocha. O dono da casa aprovou o novo visual. “Recomendo, pois acho que todo mundo deveria fazer uma experiência dessa para ver o resultado”, diz Henrique Reinach, proprietário do imóvel.

A onda dos telhados verdes alcança áreas movimentadas das cidades que muita gente desconhece. No Teatro São Pedro, em Porto Alegre, que tem 155 anos, existe um telhado verde desde 2009. Em cima do prédio anexo, chamado de “multipalco”, foi instalado o telhado para melhorar a temperatura dos ambientes. A iniciativa ainda diminuiu o gasto com energia em 30%.

Um parque gráfico, onde são impressos quatro jornais, entre eles o de maior circulação do Rio Grande do Sul, tem um telhado verde de quase 1600 metros quadrados. O objetivo foi também criar uma manta isolante para manter a temperatura interna agradável nas diferentes estações do ano. No Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, outro exemplo. A área verde na unidade, no centro da cidade, chega a quase 2000 metros quadrados, e outros dez prédios do tribunal espalhados por vários municípios também têm telhado verde.

A maioria das 50 mil pessoas que vêm a um shopping todos os dias não imagina o que acontece na parte de cima da construção. São 2000 metros quadrados de laje cobertos por uma horta bem diversificada no coração de São Paulo. E os nutrientes que fazem essas plantas crescerem vêm do lixo orgânico do próprio shopping. Frutas, legumes, verduras e até flores deram um novo colorido a uma área ociosa do estabelecimento. “A solução, em termos de sustentabilidade, é muito boa porque a gente acaba não transportando lixo orgânico para fora do shopping. E aqui, além da gente conseguir produzir alimentos com resto e sobras de comida, a gente também tem alguma redução de temperatura interna com economia de energia e com sistema de ar condicionado. Toda essa estrutura verde acaba diminuindo a temperatura interna do empreendimento”, explica Sérgio Nagai, superintendente do Shopping Eldorado.

Os funcionários que ajudam a cuidar da horta podem levar para casa o que bem entenderem. “Já tirei dessa horta alface, berinjela, abobrinha, cebolinha, jiló e aí fiz uma bela salada”, conta o encanador Manoel Souza Caires. O adubo usado na horta vem dos restos de comida do shopping. São separados, por dia, aproximadamente 450 kg de matéria orgânica deixados nos pratos. O material é levado para compostagem no subsolo. Enzimas especiais retiram o odor e a umidade dos alimentos. “Depois ele tem que virar adubo, virar composto orgânico. Ele vira adubo a partir de um outro produto, que é chamado acelerador de compostagem, que nós misturamos com essa sobra de alimento pré-tratada. O lixo era resto de comida e agora a gente processa dentro de um grande shopping e tira isso do aterro”, explica Rui Signori, engenheiro da Bioideias, que é parceira do projeto.

Já se foi o tempo em que o telhado era apenas a parte de cima de uma construção. Hoje, os telhados podem ser verdes e revelar construções inteligentes.

(G1)

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