Exibindo garotas e bebida como marketing, casa noturna provoca ira da mulherada
O roteiro é sempre igual. Um grupo de meninas, lindas no nível padrão de beleza, dançam e bebem, seduzem a câmera e mostram toda a sensualidade em um minuto de vídeo. Falando assim você poderia até achar que este é o roteiro de uma propaganda de cerveja qualquer, mas é o primeiro vídeo de divulgação da nova Valley, inaugurada no dia 13.
Logo após ser publicado nas redes sociais, a mulherada não perdoou e muitas se posicionaram a respeito da campanha de marketing que consideram ultrapassada, por usar as belas modelos como isca para atrair homens para a casa noturna. “Que vergonha, hein, galera?! Mulher não é objeto”, postou uma seguidora no Instagram.
O motivo de revolta da maioria é a relação entre a objetificação e a violência contra a mulher. Quem achou a campanha de mau gosto, considera que o jeito antigo de fazer propaganda reforça a imagem das meninas como algo a ser consumido, não respeitado.
“Todo mundo reconhece a dimensão da marca Valley e acho que esse posicionamento é algo que poderiam rever, porque até as marcas de cerveja que são campeãs de publicidade objetificando mulheres começaram a pensar sobre essa questão. Eles têm tirado a mulher desse papel de produto, de subvalorizadas para protagonistas da história”, comentou Mikaele Teodoro..
No vídeo, seis modelos aparecem por 15 vezes com um copo de bebida na mão. Em dois frames, inclusive, o foco é nas bebidas alcoólicas. As meninas dançam, fazem gestos chamando o espectador para chegar mais perto.
Outros comentários mais extensos reiteram a revolta. “As meninas são maravilhosas, mas é deprimente ver a Valley, uma casa de shows desse porte, usar a imagem de mulheres como atrativo, diversão, que é, no mínimo, um estereótipo ultrapassado. Ainda mais nos dia atuais, em que a luta contra o machismo ganha força, vocês produzem uma propaganda objetificando mulher para atrair homem – ao lado de bebidas. Acho a Valley um sucesso e uma das poucas casas noturnas que deram certo em Campo Grande, porém devem reavaliar o tipo de propaganda utilizado, por respeito as mulheres”, explica uma das meninas que foi contra a publicação.
Ana Luisa Lima comentou algumas vezes a publicação no Instagram e disse que se sentiu tão objetificada assim como as meninas do vídeo. “Mato Grosso do Sul é um Estado extremamente machista, tantas coisas poderiam ser usadas como publicidade para a marca mas continuam usando nós, mulheres”.
Em outro post, a pessoa reflete que, num vídeo em que a intenção é apresentar a nova casa, ela só conseguiu ver meninas dançando e bebendo. “Não vi o bar direito, não vi a cozinha, não vi os garçons, não vi quem trabalha na cozinha, não vi o espaço direito porque estava bem escuro, não vi a decoração chamar a atenção, não vi o depoimento de alguém falando algo sobre a casa nova ou deixando claro que quem era frequentador está ansioso pela abertura. Enfim, num total o apelo poderia ser imenso e conquistar um público até novo. Sei que as meninas participaram porque quiseram e já fazem parte de um time de divulgação da casa, mas eu também senti como o ‘único motivo’ que faz você ir a Valley. Ficou feio sim porque parecia só mais uma boate onde a gente encontra mulher gata. Mas peraí, quem se mantém nessa estratégia passa, como passaram todas as outras casas de show de Campo Grande”.
As meninas pediram também por uma retratação da casa, o que ainda não foi feito pela Valley.
A reportagem entrou em contato com o dono do local, Sérgio Longo, que preferiu não falar muito sobre a reação das meninas. “Não quero dar Ibope para essa gente recalcada e chata, então não vou falar nada sobre isso”.
(Fonte: campograndenews)