Gustavo Borges: ‘Decreto de Bolsonaro sobre academias nos orgulha’

Borges durante revezamento da tocha da Rio-2016. Para ele, academia é saúde, não lazer – Foto: Ricardo Matsukawa/VEJA.com

O ex-nadador Gustavo Borges, 47 anos, dono de quatro medalhas olímpicas, é há quatro anos presidente da Associação Brasileira de Academias (Acad Brasil) e a voz mais firme no combate ao sedentarismo no país. Por isso, viu com bons olhos o recente decreto do presidente air Bolsonaro, que incluiu as academias entre as chamadas atividades essenciais em meio à pandemia de coronavírus. Borges, no entanto, disse que não pretende entrar no fogo cruzado entre os governos estaduais e federal e considera que a decisão sobre reabertura do comércio deve passar pelas autoridades e empresários locais.

Ao longo dos últimos anos, o ex-atleta esteve diversas vezes em Brasília para debater com políticos a questão da importância da atividade física – segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o quinto país mais sedentário, com 47% de sua população inativa. A Acad defende mudanças na tributação do setor, alegando que as academias devem ser enquadradas como uma atividade de saúde, não de lazer.

“O decreto presidencial é um reconhecimento, nos orgulha, pois nosso discurso sempre foi neste sentido. Trabalhamos há quatro anos na Acad batendo na tecla do sedentarismo, que é outro problema seríssimo e que mata brasileiros todos os dias. A falta de exercícios físicos leva a diversos tipos de doença. Desde o governo anterior, inclusive em um momento conturbado com o impeachment da Dilma, sempre atuamos dentro do Congresso e do Senado, mostrando a situação do Brasil em relação a isso”, afirma Gustavo Borges.

O medalhista olímpico (duas pratas e dois bronzes entre os Jogos de Barcelona-1992, Atlanta-1996 e Sydney-2000), no entanto, ressalta que a Acad vem apenas auxiliando os donos de academia sobre os protocolos de segurança e jurídicos necessários para reabrir seus estabelecimentos e que a decisão deve partir das autoridades locais, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

“A decisão final não é nossa. A Acad Brasil não está sugerindo a reabertura das academias, nós nunca faríamos isso. Mas como há um decreto, as autoridades locais e os empresários devem tomar as decisões com base jurídica. Não queremos nos envolver em embates neste momento, mas ficamos, sim, gratos com o reconhecimento do presidente. Nosso foco é sempre garantir a saúde e segurança de todos os envolvidos.” Até o momento, apenas Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo e Mato Grosso já autorizaram o retorno das atividades, enquanto a maioria dos governadores se mostrou totalmente contrária ao decreto presidencial.

“Não fazemos negociações locais. O que temos feito é criar um manual de higienização com base nas melhores práticas ao redor do mundo, estamos sendo bem rigorosos em relação a isso. Nossa função é advogar a favor da atividade física e da melhoria da imunidade das pessoas. Já há academias abertas. Agora, em cidades como Manaus ou São Paulo, onde os casos seguem subindo e há poucos leitos de UTI, não tem como reabrir agora. Essa é uma situação muito específica de cada cidade, não dá para sair abrindo a torto e a direito. É preciso ter responsabilidade. Até porque não compensa financeiramente abrir a academia no meio da pandemia porque o aluno não vai voltar se não se sentir seguro”, completa Gustavo Borges.

Dono de duas academias em Curitiba e em São Paulo (ambas fechadas), Gustavo diz que ainda é cedo para calcular o tamanho do prejuízo ao setor causado pela pandemia. “Temos escutado casos de academias fechando, mas não temos dados concretos. De qualquer forma, é bastante preocupante, porque o empresário já vem de uma situação de dificuldade financeira, muitos deles não têm caixa para segurar essa crise e isso pode interferir. É o que acontece em diversos setores, comércio, indústria, serviços, todos os empresários estão em uma situação parecida de desespero e ansiedade.”

Na última terça-feira 12, a entidade presidida por Borges elaborou uma “cartilha” de procedimentos a serem tomados na reabertura das academias:

https://youtu.be/EmC-p1SceJw?t=6

(Fonte: Veja)

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *