Instituto e universidade celebram vitória durante formatura de curso de inclusão digital para índios
De forma inédita e dentro de uma Aldeia Rural Indígena, o projeto de extensão “Inclusão Digital Indígena em Anastácio-MS” promoveu, no dia 7 de dezembro, a formatura de 66 estudantes concluintes do curso de Informática Básica ofertado pela UFMS. A cerimônia de encerramento foi realizada na Aldeia Limão Verde, na presença do reitor Marcelo Turine, do diretor do campus de Aquidauana, Auri Frübel, da diretora da Faculdade de Ciências Humanas (Fach) Vivina Dias, do cacique de Buritizinho, de professores da Universidade e familiares dos formandos.
A professora e coordenadora do projeto de extensão, Vanderléia Paes Leite Mussi, disse que a iniciativa da formatura e a escolha do local da cerimônia partiu dos próprios estudantes. “É a primeira vez que a formatura ocorre dentro de uma aldeia. Eles – indígenas – fizeram o curso no Instituto dentro da cidade, por conta da estrutura, mas quiseram a aldeia para ser o local da cerimônia de certificação. Toda a organização do evento ficou por conta deles também”, explicou.
No segundo semestre deste ano, foram formadas as primeiras quatro turmas, exclusivamente, por alunos indígenas terenas. Desde 2016, mais de 250 estudantes indígenas e não indígenas participaram do Projeto e foram certificados com a conclusão do curso.
O projeto de extensão possui parceria com o Instituto de Arte, Cultura e Desenvolvimento Resso Arte e tem como proposta a inclusão, capacitação e qualificação profissional da população indígena. O material didático utilizado durante as aulas foi criado pela estudante de História da UFMS e participante do projeto, Sabrina Sales. “Este trabalho foi muito interessante e desafiador, primeiro por conta do público, com quem, até então, nunca tive contato. Produzimos o conteúdo com uma abordagem diferente, adaptada e acessível. Para mim, foi enriquecedor ver a dimensão de todo o impacto”, disse.
Por questões de equipamento e estrutura física, as aulas foram ministradas dentro do Instituto Resso Arte. O presidente, professor do Instituto e indígena terena, José Carlos Pacheco, ressalta que apesar da distância entre as aldeias e o Instituto, de 20 km, os estudantes não desistiram. “O curso foi ótimo, alunos dedicados e todos pontuais. Eles se sacrificaram e se fizeram presentes em todas as aulas”, contou. O professor também agradece a parceria realizada com a UFMS, que foi essencial para a execução e sucesso do projeto. “O papel da Universidade em apoiar e certificar este projeto fez toda a diferença. Agradeço à UFMS por estar presente em todos os momentos. É uma iniciativa inédita. Vitória para todos nós indígenas do estado de Mato Grosso do Sul”, afirmou.
Os caciques das aldeias de Buritizinho e Limão Verde agradeceram a presença do reitor da UFMS na formatura. Segundo eles, essa foi a primeira vez em que um reitor visita as comunidades. O Cacique Joseniel Dias Martins (Buritizinho) expressou sua felicidade com a cerimônia. “Esses estudos não param por aqui, este é apenas o começo. Esperamos ver os alunos se formando nas universidades onde temos portas abertas. E obrigado Dr. Marcelo, essa é a primeira vez que um reitor vem à nossa comunidade. Ficamos felizes em recebê-lo”. O cacique Alberto de Oliveira Dias (Limão Verde) agradeceu a parceira com a Universidade. “Daqui por diante as pessoas vão olhar nossa comunidade com um olhar diferente, porque estamos acompanhados com pessoas que são interessadas pelas causas indígenas”, reforçou.
Os formandos elegeram o reitor Marcelo Turine como paraninfo da turma. Em seu discurso, o reitor agradeceu a homenagem e a oportunidade de contribuir com a formação da comunidade. “Estou emocionado. É uma oportunidade imensa estar com vocês. A UFMS é um patrimônio público e estamos cumprindo com o nosso papel. Gratidão por este momento de alegria e realização de sonhos”, ressaltou.
(Fonte: UFMS)