JBS e a indústria da carne perdem o seu maior nome
O brasileiro André Nogueira (foto), um dos executivos mais respeitados da indústria frigorífica americana, vai se aposentar da JBS, marcando o fim de uma era na pequena Greeley (Colorado), onde fica o coração do império dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
A saída também é um passo na passagem de bastão para aquele que vem sendo preparado para assumir o comando global da JBS: Wesley Batista Filho. O jovem executivo assume como chefe global de operações, se reportando ao CEO Gilberto Tomazoni.
Egresso do Banco do Brasil, Nogueira foi trazido por Wesley Batista em 2007 para ajudar na reestruturação da Swift, uma tradicional indústria recém-comprada que flertava com a bancarrota. Ao lado de Wesley, a dupla fez um dos turnarounds mais cirúrgicos da indústria americana, transformando uma companhia que perdia US$ 50 milhões por ano no negócio mais lucrativo da JBS.
Nogueira atuou em diversas posições na JBS. Inicialmente como CFO da Swift, ele também passou pelos negócios da brasileira na Austrália até assumir como CEO da JBS USA em 2013, logo depois que Wesley Batista voltou ao Brasil para assumir como CEO global da companhia — naquela época, um Joesley que sofria críticas de analista migrou da posição executiva para a cadeira de chairman.
Nogueira foi o timoneiro da operação que salvou a JBS no momento mais crítico da sua história. Enquanto os problemas de reputação após a delação dos controladores provocava uma árdua renegociação das dívidas com os bancos no Brasil, os negócios nos EUA geravam bilhões e bilhões em caixa.
De origem fluminense, Nogueira ficou conhecido como um dos executivos que mais emulava o estilo de gestão da família Batista — no jeito direto de falar, ele se parece muito com Wesley pai. Nas teleconferência com investidores, Nogueira se caracterizava pelas explicações didáticas sobre a dinâmica global dos preços da carne e dava boas indicações de
De origem fluminense, Nogueira ficou conhecido como um dos executivos que mais emulava o estilo de gestão da família Batista — no jeito direto de falar, ele se parece muito com Wesley pai. Nas teleconferência com investidores, Nogueira se caracterizava pelas explicações didáticas sobre a dinâmica global dos preços da carne e dava boas indicações de como estavam as margens nos Estados Unidos.
O momento da saída de Nogueira também é simbólico das mudanças que ocorrem no mercado americano de carne bovina. Depois de anos excepcionais, com os frigoríficos americanos entregando margens muito acima da média histórica graças à combinação de demanda aquecida e ampla oferta de gado, a situação começa a mudar, com as margens regredindo à média — ainda que continuem boas.
De qualquer forma, a aposentadoria de Nogueira não deve ser encarada como um choque. Na prática, a JBS já vinha emitindo sinais de uma transição. No ano passado, Nogueira já havia mudado de função, deixando o cargo de CEO nos EUA para assumir a posição de presidente global das operações na América do Norte. O americano Tim Schellpeper, que liderava o negócio de carne bovina, assumira como CEO nos EUA.
Nogueira não se despede totalmente da JBS. Aos 53 anos, ele passará atuar como consultor e também permanece como membro do conselho de administração da americana Pilgrim’s Pride, a indústria de carne de frango controlada pela JBS USA.
(Fonte: Valor.Globo)