Joice Hasselmann é a nova líder da bancada do PSL na Câmara dos Deputados

Além da volta de Joice, as lideranças indicadas por Eduardo Bolsonaro perderam seus cargos, bem como o próprio filho do presidente (foto: Geraldo Magela/Agencia Senado)

A diretoria do PSL retomou o controle da legenda na Câmara dos Deputados. Ex-líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann é a nova líder do partido na Casa. Além disso, as lideranças indicadas por Eduardo Bolsonaro perderam seus cargos, bem como o próprio filho do presidente. A decisão de referendar Joice como chefe da legenda foi tomada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) na manhã desta terça-feira, após deputados da sigla apresentarem uma lista com 22 assinaturas pedindo a nomeação da parlamentar.

A crise do PSL tomou fôlego e se tornou pública em 8 de outubro quando, em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse a um correliguinário que esquecesse o PSL e que o presidente da legenda, Luciano Bivar (PE) estaria “queimado”. Desde então uma guerra de narrativas pelo comando do partido, passou por diversas reviravoltas. incluindo a chegada de Eduardo Bolsonaro à liderança da agremiação na Câmara e a destituição dos líderes que permaneceram fiéis a legenda.

Os deputados ditos Bolsonaristas acusam o partido de falta de transparência, enquanto os demais acusam os colegas de estarem interessados no tempo de TV e no fundo partidário do PSL, que cresceu com a eleição de 53 deputados (39 com a suspensão de 14 deles). No meio da disputa, Jair Bolsonaro deu início à criação de um novo partido, e se nomeou presidente do já batizado Aliança pelo Brasil.

Da ala fiel à legenda, o deputado Júnior Bozzella (SP), que se tornou um porta voz do PSL durante a crise, disse que não haverá “fígado” e a convivência com os demais colegas será harmoniosa. “Dentro do que havíamos diagnosticado, não teve grandes novidades. A troca da liderança era natural. Teve uma pacificação na bancada. Esse time que permaneceu convicto nas propostas do partido não tinha nenhuma forma de agir que não fosse essa. Escolheram o nome da Joice para cumprir agenda, ajudar na articulação das pautas da nação”, disse.

A relação com o governo, segundo Bozzella, também permanecerá a mesma, mas não haverá submissão. “Não tem nada fora do contexto. Vai ser sem fígado. Tudo que for pauta de convergência, que o PSL sustentou na campanha, será colocada em análise. Não temos posicionamento contrário ao governo ou ao país, exceto o que não é de interesse coletivo da nação. Os deputados vão debater, colocar a opinião. Somos aliados, mas não somos alienados. Não tem briga, discussão, perseguição. Temos a grandeza e a responsabilidade de entender o tamanho do cargo que ocupamos. Em hipóteses nenhuma, vamos usar de nossas atribuição para fazer qualquer tipo de perseguição”, afirmou.

Era uma queixa dos parlamentares fiéis à legenda que Eduardo Bolsonaro assumiu a legenda na Câmara com a promessa de pacificação, mas não chamou colegas para conversar. Em vez disso, os destituiu dos cargos de liderança e os escanteou.

Bozzella também comentou as declarações de Bolsonaro na manhã desta quarta (11/12). O presidente disse que disputará as eleições presidenciais em 2022, e que será criterioso ao escolher filiados para a disputa de cargos eletivos pelo Aliança pelo Brasil. Sem citar nomes, chamou integrantes do PSL de “traíras”, e disse que evitará traidores. O deputado destacou que o presidente tem a característica de falas emocionais, muitas vezes, sem pensar, mas que não tem cabimento.

“Não tem cabimento você levar a cabo esse tipo de declaração. O PSL votou, todos os deputados votaram 100% com o governo. Você não traiu o governo, não traiu o povo. Não conseguimos entender porque alguém ser considerado ‘traíra’. Isso é uma cortina de fumaça. Na vida pública, houve uma queda de braço envolvendo o partido e colocaram o presidente na disputa de forma indevida, o que fez ele perder uma batalha que encabeçou em nome do filho. Faz parte do jogo político uma discussão interna de liderança. Hj o PSDB está discutindo liderança. Na política, você mantém a palavra, e voltar atrás o faz traíra. Quem voltou atrás foi o grupo do filho do presidente, que traiu o acordo da liderança do Delegado Waldir (GO)”, respondeu.

Para Bozzella, os advogados de Bolsonaro também tentaram trair a legenda, quebrando acordos que anteviram o processo de eleição. “Bolsonaro entrou na legenda sabendo que Bivar era o presidente do partido”, destacou. “Com relação ao comportamento interno na câmara, não tem o que se discutir. Houve uma queda de braço pela liderança, envolvendo o filho do presidente, e uma questão do PSL. Fizeram uma cortina de fumaça, mas estavam interessados no fundo partidário e tempo de TV. Não traímos as nossas convicções, inclusive no que envolve o pacote anticrime, o Coaf. Quem de repente traiu o processo não foram as pessoas que ele apontou”, afirmou.

Sobre a relação com os deputados suspensos, Bozzella falou em relação harmônica e disse que não há problemas pessoais com os colegas. “O partido se comportou como partido, com estatuto regra, código de ética. Os deputados se equivocaram, foram mal orientados e entraram em uma guerra. Não foi culpa do partido, mas dos deputados que terão que arcar com as consequências. Na sociedade, quem descumpre a regra, a lei, tem que ser colocado sob a rédea da Justiça, punido pelo código penal. É assim que funciona, No partido político, não é diferente. Tem regra, lei. E as pessoas têm que saber até onde podem ir. O PSL sempre foi aberto. Mas houve esses episódios. Eles foram suspensos e terão que cumprir essa etapa. Na relação pessoal, continua tudo bem. Somos amigos”, garantiu.

(Correiobraziliense)

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