Líderança feminina vê numeros da violência com tristeza e pede políticas públicas de proteção
Em 28,5% dos homicídios de mulheres, as mortes foram dentro de casa, o que o Ipea relaciona a possíveis casos de feminicídio e violência doméstica. Entre 2012 e 2017, o instituto aponta que a taxa de homicídios de mulheres fora da residência caiu 3,3%, enquanto a dos crimes cometidos dentro das residências aumentou 17,1%. Já entre 2007 e 2017, destaca-se ainda a taxa de homicídios de mulheres por arma de fogo dentro das residências que aumentou em 29,8%. O Ipea mostra ainda que a taxa de homicídios de mulheres negras é maior e cresce mais que a das mulheres não negras. Entre 2007 e 2017, a taxa para as negras cresceu 29,9%, enquanto a das não negras aumentou 1,6%
Para Luzia Aparecida do Nascimento, presidente da Unegro Pantanal Rondonópolis, os números divulgados recentemente revelam uma triste realidade. “A gente vê com tristeza este quadro, que é muito doloroso para todas as mulheres, especialmente as negras, cuja violência sobre elas tem aumentado nos últimos anos”, afirma a ativista, afirmando ser necessárias políticas públicas efetivas de proteção para as mulheres negras. “A situação é mais grave em nosso Estado, onde houve aumento de cerca de 40% de homicídios de mulheres negras em relação às não negras. Isto é alarmante”, afirma a líder feminina.
Em entrevista à imprensa, Luzia Nascimento destacou a necessiade da implementação de fato da legislação, como as leis Maria da Penha e as demais que enquadram estes crimes como hediondo. “Além da aplicação de fato das leis, é preciso políticas públicas de acolhimento e de garantia de vida digna para as mulheres vítimas de violência, principalmente as negras, que sofrem desde a época de sua escravização no Brasil”, enfatiza. “Ela sofre mais que violência física, porque na maioria dos casos a mulher negra está presa a uma situação de dependência alimentar para ela e sua família, sofrendo ainda a violência psicológica, obstrétrica, racial, de gênero e outras situações degradantes”, ressalta.
Para que se estanque esse ciclo de violência contra a mulher, especialmente a negra, é preciso criar mecanismos concretos de proteção e atenção. “Elas ainda não tem acesso a Justiça e seus direitos, e não existem delegacias especializadas de atendimento à mulher nos municípios do interior, salvo algumas exceções”, pondera. “Esse quadro de falta de apoio externo torna a mulher presa dentro de sua própria casa, sofrendo as mais diversas torturas e outras formas de violência”, assinala Luzia.
Além de políticas públicas de atendimento e de acolhimento das mullheres vítimas de violência, é necessário também combater o racismo em todas suas formas, comenta a líder feminina. ” Temos um problema cultural crônico que é o racismo e ele está exposto nas redes sociais e no nosso cotidiano. O racismo continua matando homens e mulheres e é preciso as pessoas verem as outras como iguais, independente da cor da pele e de raça, com mais humanismo”, argumenta Luzia, convocando a todos para um trabalho de educaão e conscientização para a luta da igualdade, de raça e de gênero.
Necessitamos de um novo Projeto de Inclusão, justiça e desenvolvimento social.