Lula Presidente: “Tentaram me enterrar vivo, mas não conseguiram. O povo não deixou”
Luis Inácio Lula da Silva, aos 77 anos, um ex-retirante nordestino chega à Presidência da República do Brasil pela terceira vez. Suas primeiras palavras oficiais foi o agradecimento a Deus por ter perdido chegar onde chegou, citando de onde veio, suas origens. Ele resumiu em poucos segundos o que ele passou nos últimos cinco anos, quando foi preso por atuação parcial de um juiz federal. “Tentaram me enterrar vivo, mas não conseguiram”, afirmou Luis Inácio Lula da Silva.
No discurso da vitória, ele agradeceu todo o apoio recebido das lideranças, pregou o entendimento e unificação para fortalecer a democracia, aumentar as relações internacionais e o respeito com os demais poderes da República. Ele anunciou uma nova visão sobre a conservação do Brasil e do planeta, afirmando a pauta do combate à devastação da Amazônia, que cresceu vertiginosamente nos últimos anos.
Polarização histórica
O candidato do PT Luiz Inácio Lula da Silva, de 77 anos, foi eleito neste domingo (30) presidente da República pela terceira vez, após superar no segundo turno o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.
O petista sustentou a vantagem nas urnas obtida no primeiro turno. Em 2 de outubro, Lula obteve 48,43% dos votos totais, contra 43,2% do atual mandatário. Na ocasião, isso representou uma diferença de quase 6,2 milhões de votos. O número de votos nulos chegou a 2,82%, e o de votos brancos, a 1,59%.
Lula e Bolsonaro protagonizaram a primeira eleição da história do Brasil disputada por dois políticos que já comandaram o país. O ex-metalúrgico exercerá seu terceiro mandato tendo como vice um ex-adversário, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB).
O resultado confirmou o favoritismo do petista apontado na maioria das pesquisas de intenção de voto.
Desde que restabeleceu seus direitos políticos em 2021 após anulação das condenações da Lava Jato pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente ganhou força na disputa e buscou construir uma “frente ampla” de oposição a Bolsonaro.
No segundo turno, ele conseguiu o apoio da terceira colocada na disputa à Presidência, a senadora Simone Tebet (MDB).
Durante a campanha, Lula formou uma coligação com dez partidos que, além do PT, abarcou o PSB, Solidariedade, PCdoB, PSOL, Avante, PV, Rede, Pros e Agir.
Com o resultado, Bolsonaro se torna o primeiro presidente ocupante do cargo a sair derrotado na tentativa de se reeleger. Desde que o instituto da reeleição foi aprovado pelo Congresso, em 1997, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1998; Lula, em 2006; e Dilma Rousseff (PT), em 2014, conquistaram um segundo mandato.
O atual chefe do Executivo não conseguiu superar a rejeição ao seu nome nas urnas. Seu governo atravessou a pandemia de Covid-19, que provocou quase 700 mil mortes no país, e a guerra entre Rússia e Ucrânia, que contribuiu para elevar os preços das commodities, como combustíveis e alimentos. O mandato do presidente também foi marcado por tensões com o Judiciário.
Anulação das condenações: o início do pleito para Lula
Alvo de investigação e condenação na Operação Lava Jato, Lula foi preso em abril de 2018, condenado sob acusação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação envolvendo o triplex de Guarujá (SP).
Segundo o Ministério Público, ele teria recebido propina da OAS em troca de favorecimento em contratos com a Petrobras. O pagamento teria sido feito, segundo a acusação, com a reserva e reforma de um apartamento na cidade do litoral paulista.
Antes de se entregar à Polícia Federal, Lula se cercou de aliados e apoiadores no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Parte de seu entorno queria que o petista resistisse à prisão e buscasse asilo em alguma embaixada estrangeira, mas ele optou por se entregar.
O ex-presidente permaneceu por 580 dias na prisão, em Curitiba, até novembro de 2019. (Redação com CNN Brasil)