Luta por trabalho legal indígena na colheita de maçã leva delegação de MS para o RS

Pelo trabalho legal de índios, procurador Jeferson Pereira promoveu audiência com o setor produtor de maçã em Vacaria-RS

Uma comissão liderada pelo procurador do trabalho em Dourados, Jeferson Pereira (MPT/MS), foi até a cidade de Vacaria, no Rio Grande do Sul, para discutir e fortalecer o trabalho legal da mão-de-obra de índios de Mato Grosso do Sul na colheita de maçã . Acompanhado de José Carlos Pacheco, presidente da Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Indígenas de MS, a delegação manteve encontro com empresários e demais setores envolvidos na colheita e comercialização de maçã, já que a região é uma das maiores produtoras do Brasil.

A delegação de MS participou de uma audiência administrativa em Vacaria, visando a safra de 2022, que usa em torno de 10% de indígenas na sua colheita. Desde 2014, há um esforço do Ministério Público do Trabalho do Mato Grosso do Sul (MPT/MS) em garantir a formalização deste trabalho, que antes havia grande influência de “gatos”(intermediadores de mão-de-obra) que acabavam por praticar o trabalho escravo com os índios, a maioria era aliciada em aldeias de Dourados-MS. Junto com Santa Catarina, o Rio Grande do Sul lidera a produção de maçã no Brasil.

A estimativa é de que cerca de cinco mil indígenas deixam MS todos os anos para trabalhar na safra de maçã no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a maioria douradenses. Como preparativo para a safra 2022, o MPT/MS decidiu fazer em vacaria uma audiência administrativa presencial, no pomar de uma das empresas produtoras. No encontro, foi abordada a contratação  de indígenas para o cultivo, colheita e raleio de maçãs, mediante a intermediação  do sistema público de emprego, trabalho e renda e as medidas de precaução e prevenção ao contágio da covid 19.

O procurador Jeferson Pereira esclareceu que as empresas do sul do país devem apresentar a demanda de mão-de-obra indígena à Fundação do Trabalho de MS (Funtrab), que divulga essas informações nas aldeias. Os que tem interesse se cadastram em locais determinados, que são repassados aos recrutadores das empresas. A partir disso é feita a parte final de formalização dos contratos de trabalho no local de origem dos safristas. “O indígena já sai d aldeia com inclusive com os dados do E-Social”, explica o procurador,

Mas, apesar do esforço da Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo de MS (Coietrae-MS), nesta safra de 2021 cerca de 300 indígena foram contratados de forma clandestina por aliciadores de seu trabalho. “Viemos aqui conversar para o setor nos ajude a combater essa prática criminosa”, ponderou Jeferson Pereira.

José Carlos Pacheco, por sua vez, disse que há sete anos milhares de indígenas deixam o MS para trabalhar n as lavouras de maçã, especialmente no Rio Grande do Sul. “Com o apoio do MPT, nossa luta é para assegurar os direitos destes trabalhadores junto a seus empregadores, buscando a interlocução com produtores e indústrias no combate da utilização clandestina do trabalho dos indígenas”, pontuou Pacheco, que entregou cartilhas de boas práticas ao empregadores presentes na audiência em Vacaria.

Indígenas de MS nas lavouras de maçã no Rio Grande do Sul – Fotos: José Pacheco)

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