LUTO NA LINHA DE FRENTE: Covid mata primeiro médico no MS e sua memória vira árvore florida em frente de hospital
Miguel Yoneda, 74 anos, é o primeiro médico morto pelo novo coronavírus em Mato Grosso do Sul. Miguelito, como ele gostava de ser chamado, morreu na madrugada desta quarta-feira (1º) no Hospital Universitário (HU), de Dourados. No final da manhã, um grupo de voluntárias plantou uma árvore, já florida, no jardim do Hospital da Vida , onde ele dava plantão – para eternizar a memória do médico. O ato foi acompanhado pela diretoria do hospital.
Na UTI há vários dias, Miguel Yoneda era um dos seis médicos infectados pelo novo coronavírus que estavam hospitalizados em Dourados, epicentro da doença em Mato Grosso do Sul com 1.536 casos positivos e 25 mortes até ontem, conforme informou o Campograndenews.
Os dados oficiais até agora indicam 85 óbitos pela doença. O do médico vai passar a fazer parte das estatísticas nesta sexta-feira (2).
Morador em Ponta Porã, Miguel Yoneda atendia na cidade fronteiriça e também no Hospital da Vida (HV), em Dourados, onde vários profissionais de saúde já foram infectados pelo coronavírus.
Miguelito já estava aposentado, mas voltou a dar plantões para custear os estudos de sua filha, que está cursando medicina. Antes, ele foi médico e professor no Estado do Paraná, onde ministrou aulas na Universidade Estadual de Londrina(UEL), tendo sido inclusive paraninfo de turma.
O médico radiologista Vander Caetano Vieira conviveu profissionalmente com Yoneda e lamentou nas redes sociais sua morte. Ele atestou que o médico tinha uma relação de companheirismo com os colegas e uma forma didática de tratar os pacientes. “Como médico tinha alma de professor”, comentou Vander.
PARANÁ LAMENTA MORTE
A Diretoria do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM/PR) lamentou mais uma perda na Medicina e solidarizou-se com os familiares e amigos do médico, que era especialista em cirurgia geral e medicina do trabalho e atuou no Paraná de setembro de 1973 até 2017, onde deixou legião de amigos, admiradores e também discípulos na atividade.
O médico tinha quase 50 anos de atividade médica e registro nos Conselho de Medicina do Paraná (CRM-PR 3.535), Rio de Janeiro (146.650), onde se formou, Minas Gerais (6.807) e Mato Grosso do Sul (9.256), onde estava desde janeiro de 2017, após deixar Londrina, no Paraná, onde foi docente da UEL e plantonista do Hospital Universitário. Os CFM e os Conselhos de Medicina dos estados onde ele atuou manifestaram pesar pelo falecimento, assim como o Colegiado de Medicina da Universidade Estadual de
NOTA DE PESAR DE LONDRINA
“O Colegiado de Medicina da Universidade Estadual de Londrina lamenta profundamente o falecimento do nosso ex-professor, Dr. Miguel Yoneda, que aconteceu na madrugada de hoje (/7) em Dourados (MS).
O Dr. Miguel foi docente e plantonista do Pronto-Socorro Cirúrgico do HU/UEL durante muitos anos e foi modelo de profissional e docente para várias turmas de Medicina e de Fisioterapia desta escola. Não era nada incomum encontrá-lo dando aula aos internos e residentes do PSC em plena madrugada, cobrindo todas as superfícies possíveis com suas explicações e esboços de cirurgias às 3h da manhã. Tanta dedicação e amor à profissão lhe rendeu inúmeras homenagens durante a carreira, inclusive tendo sido o nome da 47a Turma de Medicina da UEL, formada em 1999.
O Dr. Miguel era aposentado da UEL e residia em Ponta Porã/MS. Estava internado no Hospital Universitário de Dourados há mais de 20 dias por COVID-19, e foi o primeiro médico a falecer dessa doença no Estado do Mato Grosso do Sul.
Os docentes e alunos da Medicina da UEL expressam seu mais profundo pesar e solidariedade aos familiares do Dr. Miguel Yoneda neste momento difícil. Com certeza, ele será lembrado com saudades por todos que o conheceram”.
ÁRVORE COMO SÍMBOLO
Em memória do médico Miguel Yoneda foi plantado na manhã desta quarta-feira (1), uma árvore florida em frente ao Hospital da Vida, onde Yoneda atuava como plantonista.
Preocupado em salvar vidas, o médico dispensou a oportunidade de ficar em casa, por ser do grupo de risco, para estar na linha de frente contra a pandemia. Ele residia em Ponta Porã e Dourados. O óbito ocorreu por volta das 2h.
De acordo com o Douradosagora, a homenagem ao médico foi feita pelas advogadas Helena Izidoro e Shirley, membros do grupo ‘Movimento pela Vida’ e também teve participação do médico Raul Espínoza, diretor clínico do HV, que representou os demais colegas de “Miguelito” .