Mochilando e pedalando, argentina que “roda” o mundo faz parada no MS

Lina está em Campo Grande, depois de sair da Argentina e percorrer as américas do Sul e Central

Há 33 anos, Lina Odetti, natural de General Pico, La Pampa, Argentina, carrega um sonho que foi realizado há cinco anos: viajar pelo mundo de bicicleta.  Trabalhou muito tempo em um call center atendendo telefones, e ao longo de anos, desenhou  rotas e destinos no mapa  da Argentina.  Ela jamais imaginou, porém, que teria a possibilidade de sair de seu país de origem, pois via como uma limitação seu condicionamento físico, já que não era acostumada a treinos esportivos.

 Conheceu ao longo de sua vida viajantes que percorreram diferentes lugares pedalando. Em uma conversa com eles sobre suas experiências, sentiu por um momento que  não estava satisfeita com aquilo que trabalhava. Não gostava de viver  onde morava.

Então, resolveu que tinha que fazer o que queria: viajar, ainda que não fosse de bicicleta. Se preparou para fazer um mochilão com destino ao México, passando por Bolívia, Peru e Equador, onde chegou a ser deportada de volta ao Peru. De lá, foi de avião até a Costa Rica e, em seguida, para Nicarágua, Guatemala, El Salvador, Honduras até finalmente chegar ao México. Ou seja, ela saiu da América do Sul e foi para América Central, passando por diversos países nesse trajeto.

 Lina disse que  sempre quis viajar de bicicleta e sempre quis viajar ao México. Então analisou que se outras pessoas conseguiam ela também poderia tornar esse sonho possível.  “O pior que poderia acontecer é que  não gostasse e não me adaptasse. Experimentei, gostei e aqui estou, cinco anos depois. Demorei uns 3 anos sem subir da Argentina ao México por que ia parando para trabalhar. Sou cozinheira de profissão, mas fiz de tudo durante a viagem, foi o que me deu dinheiro e depois fiz arte mural para não pagar hospedagem. Trabalhava quatro horas pintando e outras horas cozinhando”, explicou a ciclista.

Em certo momento, durante suas viagens, avistou um ciclista carregando todo aquele peso em sua bicicleta. Como viu que ele era fumante, indagou  se teria capacidade respiratória  para realizar os seus sonhos. Entretanto, ao entrar no hostel e vendo o mesmo ciclista  fumando um narguilé, foi confrontada por ele :  “Lina, é uma desculpa que você está dando, você sabe que depois do primeiro quilômetro você vai ficar jogada no chão sentindo dor da cabeça aos pés e vai dormir  uma semana inteira, vai acordar e vai pedalar 2km e no outro dia serão 4km, enfim, não é preciso ser atleta para viajar de bicicleta, é preciso querer, é preciso ter vontade”, teria dito ele, em resposta ao seu questionamento.

Nessa viagem de bicicleta que fez para o México, passou em Belize que não conheceu antes, depois voltou a repetir, Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica e Panamá e Colômbia que ainda não tinha feito de mochila. Na Colômbia, chegou a fazer mil quilômetros. Uma notícia fez com que ela interrompesse a viagem. Suas irmãs, informaram que sua mãe não estava bem de saúde.  Então ela ficou indo e voltando entre Rosário e Bueno Aires. Até que, infelizmente sua mãe faleceu e então decidiu, pegar sua bicicleta, preparar sua mochila e seguir ao Brasil. Passou por tudo que os Argentinos chamam de litoral e entrou por Santa Catarina, há pouco mais de um ano. Atualmente está vivendo com Campo Grande, enquanto sua bicicleta está em reparos. Lina  se diz encantada com a beleza que Mato Grosso do Sul partilha.

“Pedalo com a cabeça e quando a cabeça não funciona muito bem, pedalo com o coração e quando o coração gela, entra um pouco das pernas no final do dia. Realmente é uma questão de cabeça, não de condição física”, declara de forma apaixonada a ciclista. (Com reportagem de Carol Viana)

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