Obra desnuda desafios de intelectuais na construção da história de MS


Carlos Magno: “Intelectuais sul-mato-grossenses tiveram um desafio maior em registrar o começo da história de MS”

A literatura sul-mato-grossense ganha mais uma importante contribuição neste mês de setembro. O historiador Carlos Magno Mieres Amarilha, residente em Dourados, lançará em Campo Grande, no dia 22 às 19 horas, a obra “O poder e os intelectuais: história e identidade em Mato Grosso do Sul”. O lançamento ocorre nas dependências no Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (IHG-MS). A obra é resultado da dissertação de mestrado defendida na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), com a orientação do professor Dr. Eudes Fernando Leite.
De acordo com o autor, a pesquisa analisa as construções culturais sul-mato-grossenses realizadas pelos intelectuais membros do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (IHG-MS) e da ‘Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL), abordando a criação das identidades mato-grossenses e sul-mato-grossenses nos períodos de 1918 a 1922 (Cuiabá); 1932 a 1934 (Campo Grande); 1943 a 1946 (Ponta Porã); e de Mato Grosso do Sul (1977 a 2005).
No livro, Carlos Magno apresenta a relação dos intelectuais com o poder constituído, igualmente, analisa o tema, ‘divisão’, divulgados após a criação do Estado de MS pelo IHG-MS e ASL. Do mesmo modo, o livro traz ainda como foi “construção” cultural dos hinos de MT e de MS, bem como o epônimo e o gentílico de Mato Grosso do Sul, escolhidos pelos sócios da ASL.
Conforme o autor, o livro revela a história oficial sobre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, os autores de seus símbolos, o hino, o epônimo, o gentílico, enfim, o começo de sua construção histórica. A obra passeia também pelos temas mais abordados pelos historiadores e os cuidados deles e dos professores de história em apresentar, representar e reapresentar temas espinhosos, como a Guerra do Paraguai, questões dos povos indígenas, quilombolas, dos povos das florestas, dos povos das águas e dos povos do campo.
Carlos Magno explana na sua obra literária também a preocupação dos intelectuais comprometidos em como escrever a história e a literatura do MS e como ela apresenta o novo Estado da Federação, bem como a atuação dos intelectuais militantes nos bastidores dos poderes. “O livro é dividido em quatro capítulos, sendo que o principal objetivo é apresentar um panorama geral de fatos históricos publicados pelos intelectuais mato-grossenses e sul-mato-grossenses, membros do IHG-MS ASL, com a intenção de divulgar uma identidade regional, na construção de história, literatura, heróis, mitos, hino, epônimo, gentílico, entre outros símbolos culturais”, explica Carlos Magno.
A obra do escritor estampa como os ‘intelectuais militantes” divulgam e publicam ícones identitários mato-grossenses e sul-mato-grossenses nas representações e nas reapresentações de suas obras. “A responsabilidade dos intelectuais de MS é maior, se comparada a outros estados da Federação, que já tem consolidado a tua ‘história’, com inúmeras publicações materializadas; diferentemente do jovem estado de Mato Grosso do Sul, que nos anos oitenta e noventa do século XX, não havia muitas obras específicas sobre ele”, analisa Carlos Magno.
Em função da falta de acervo histórico, a missão dos intelectuais sócios do IHG-MS e da ASL eram maiores dos que outros estados e não era por falta de história (considerada gloriosa), mas porque ainda não estavam escritas. “Sendo assim, conforme os documentos da época, competiam aos sócios das entidades à missão de ‘resgatar’ a história sul-mato-grossense e divulgar o seu passado glorioso”, relata o autor.
Carlos Magno Amarilha observa que o estado de Mato Grosso do Sul é relativamente novo, mas a sua história é considerada antiga pelos integrantes do IHG-MS e da ASL, sendo que, essas entidades, publicam e divulgam obras inéditas, manuscritos esquecidos ou esgotados, de cunho regional. “A obra pretende contribuir em debates sobre o que pertence e o que não pertence a um todo chamado de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e da produção da historiografia de MS realizada pelos intelectuais militantes de entidades históricas e literárias”, enfatiza o autor.

 

 

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