Padre diz que foi xingado e ameaçado de morte por alugar salão aos apoiadores de Lula
padre Volnei Luis Weber, pároco da paróquia São José Operário (foto), em Rondonópolis-MT, foi xingado e chegou a ser ameaçado de morte por radicais que apoiam o presidente Jair Bolsonaro no município. A informação foi divulgada hoje (27) pelos site FolhaMax e Midianews, que ouviu o religioso. O motivo das ameaças foi a locação do salão paroquial para um evento que vai comemorar o aniversário de 77 anos do ex-presidente Lula. A locação foi cancelada por ordem do bispo Dom Maurício Jardim e o ato será realizado no Centro de Eventos Tulipas, na noite desta quinta-feira.
A reportagem informa que o caso já foi registrado em um Boletim de Ocorrência e será investigado pela Polícia Civil. O padre confirmou as agressões.
“Muita gente se deixou levar e fui até ameaçado de morte, xingado e ainda recebi palavras de que eu deveria ser excomungado”, informou.
A Paróquia São José Operário fica na Vila Operária, maior distrito de Rondonópolis, e é uma das mais ativas em ações voltadas aos mais pobres. O salão que gerou a polêmica foi construído há mais de cinquenta anos e tradicionalmente abriga eventos variados, inclusive de cunho político.
“O espaço é cedido para qualquer evento desde que respeitada às regras”, explicou o Padre Volnei. “O mesmo espaço foi locado no primeiro turno da campanha e não tivemos nada disso”.
O religioso deixou claro que a paróquia é responsável pela administração do salão. A reserva custa um salário mínimo e, como ocorre nos demais eventos, a Igreja não teria qualquer ligação e nem participaria do ato em homenagem a Lula.
Pressões – O cancelamento da locação do salão para a realização do ato pró-Lula foi anunciado após a circulação de um panfleto apócrifo cobrando a intervenção do bispo Dom Maurício Jardim. Há informações de que os religiosos também teriam recebido visitas e ligações de grandes empresários e também de políticos, exigindo o cancelamento.
Na sessão de ontem (26) da Câmara de Rondonópolis, o vereador Alickson Freitas (DC) admitiu que manteve contato com os religiosos para pedir que o salão não fosse cedido aos apoiadores de Lula. Ele afirmou que apenas intermediou um pedido que havia sido feito por pessoas descontentes com o uso do espaço com objetivos políticos.
Em uma nota pública, o próprio bispo Dom Maurício Jardim admitiu que solicitou ao padre Volnei que desfizesse o contrato de locação. Conforme ele, isso ocorreu para evitar riscos à unidade da igreja.
Veja abaixo a nota divulgada pelo bispo.