Pequi sem espinho e com sabor mais suave chega ao mercado

Já pensou? O que já era bom, ficar ainda melhor? Estamos falando do pequi, a fruta nativa do Cerrado de sabor marcante, que não permite meio termo: quem gosta, adora e quem não gosta, costuma detestar. Pois a Embrapa Cerrados e a Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater-GO) lançam, em Goiânia, nesta quarta-feira (9), três novos cultivares sem espinhos da planta, resultado de 25 anos de trabalho e pesquisa. “Chegamos a esse resultado com muito esforço, ciência e tecnologia”, diz o pesquisador da Embrapa Aílton Pereira.

Serão lançadas também três novas cultivares com espinhos: GOBRS 201, GOBRS 202 e GOBRS 203. Elas são mais produtivas do que as sem espinhos, sendo a 201 a mais produtiva delas, alcançando produtividade média anual de 85 kg por planta. No entanto, a variedade que possui a polpa mais espessa é a GOBRS 103 (sem espinhos) que apresenta espessura média de polpa de 7 a 8 mm, característica que favorece a produção agroindustrial. De um modo geral, segundo o pesquisador, as novas espécies unem alta produtividade e qualidade de polpa. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a extração do pequi no Brasil em 2021 foi de mais de 74 mil toneladas, sendo Minas Gerais o estado responsável por mais da metade da produção nacional.

Com o lançamento das novas espécies, a expectativa é que o consumo aumente. A ausência de espinhos evita acidentes ao consumir e manusear o produto, favorece a mecanização do processo de extração da polpa e facilita o acesso à amêndoa.  “Outra vantagem é que a polpa tem sabor mais suave o que, com certeza, vai agradar ao público que hoje tem resistência ou mesmo rejeita o fruto”, acredita Pereira Produtores poderão plantar em pomares comerciais – As novas cultivares foram registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para cultivo em pequena escala na região de Goiânia e em outros locais com condições climáticas, de relevo e umidade adequadas.  A partir de agora, produtores rurais poderão plantar o pequizeiro em pomares comerciais, utilizando um adequado sistema de produção, com garantia de uniformidade, qualidade, precocidade e produtividade.

Medida contra pragas e doenças – “Estamos lançando seis cultivares ao mesmo tempo pela necessidade de diversificação genética da plantação”, esclarece Pereira. Segundo ele, o objetivo é favorecer a fecundação cruzada e o aumento da produção de frutos. “Trata-se também de uma medida preventiva contra futuras doenças ou pragas. É uma estratégia que deve ser adotada para minimizar o risco fitossanitário”, alerta.

Histórico da pesquisa – A pesquisa visando ao cultivo do pequi começou no final dos anos 1990 com os estudos de produção de mudas por sementes (propagação sexuada) e por reprodução vegetativa (propagação assexuada). “Coordenamos o primeiro projeto relacionado à propagação do pequizeiro. Naquela época, havia muita demanda especialmente da agricultura familiar. No entanto, os agricultores não conseguiam ter sucesso no plantio, pois o pequi, assim como outras espécies do Cerrado, tem problema de germinação”, explica a pesquisadora da Emater Goiás, Elainy Pereira.

As avaliações genéticas de seleção de clones avançados terão continuidade em novas áreas nas estações experimentais da Emater Goiás em Anápolis e em Porangatu (GO), e no campo experimental da Embrapa Cerrados. O objetivo é validar dados de pesquisa e dar prosseguimento ao processo de seleção de novas cultivares geneticamente superiores e sua recomendação para diferentes regiões do Cerrado. “Na Embrapa Cerrados vão ser testados 70 clones de pequi com espinhos e 30 sem espinhos. A implantação do experimento será ainda em 2022 e a previsão é que a produção comece daqui a três anos”, afirma o pesquisador Carlos Lazarini, responsável pela condução desse trabalho.

Pequi na culinária regional – O pequi faz parte da culinária e da cultura regional, principalmente dos estados de Goiás, Minas Gerais, Tocantins e do Distrito Federal. Pode ser servido puro ou como ingrediente de outros pratos, salgados e doces. O arroz e a galinhada com pequi não podem faltar no cardápio regional. O fruto também é usado na agroindústria em produtos como conservas, molhos, licores, sorvetes e picolés. (Itatiaia com  informações da Embrapa Cerrados

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