Racismo e preconceito religioso são maiores desafios de negros em MS
Jovens negros de Campo Grande e outras 9 cidades de Mato Grosso do Sul se reuniram para a construção do Plano Nacional da Juventude Negra. O objetivo é lançar um programa de igualdade racial atendendo todas as necessidades da população.
A Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania), realizou uma plenária para colher proposições dos jovens negros, com os problemas que enfrentam dentro de suas realidades. Foram temas como segurança pública, saúde, educação, cultura e esporte, que deram voz a esses jovens, sul-mato-grossenses para contribuir com o trabalho da caravana.
A plenária contou com a participação de mais de 50 jovens de Campo Grande, Três Lagoas, São Gabriel do Oeste, Campo Grande, Maracaju, Bataguassu, Nova Andradina, Deodápolis, Jardim, Ladário e Jaraguari.
Entre os participantes estiveram representantes de comunidades quilombolas, além de jovens de religiões de matriz africana.
Foram coletados depoimentos que possibilitam acessar um pouco a realidade a partir da perspectiva de cada um, por exemplo, o jovem negro LGBTQIA+, de terreiro, quilombola.
As principais reivindicações contaram com problemáticas sobre mobilidade urbana em Campo Grande, com impacto ainda maior para os moradores das comunidades quilombolas, racismo religioso, falta de liberdade de religiões de matriz africana e falta de serviços psicossociais.
Para a Subsecretária de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, Vania Lucia, o processo de escutar os jovens é muito importante, porque eles podem levantar seus questionamentos e posicionamentos.
“Eles já relataram os problemas e agora vão propor as soluções, as demandas estão sendo alocadas em suas devidas áreas, educação, saúde, cultura, a escuta é aberta a todos para que possam propor suas sugestões”, relata.
Uma das reivindicações mais recorrentes foi o problema da mobilidade urbana. A dificuldade de pegar ônibus nas comunidades quilombolas e bairros da periferia, além da insegurança para mulheres no ponto de ônibus.
A falta de incentivo na educação, e como isso aflige diretamente pessoas negras, também é um problema. Vitória Santos, 18 anos, é da comunidade quilombola Furnas do Dionísio, e relata que desde que saiu do ensino médio não teve acesso às informações de como acessar o ensino superior. Segundo ela, o conteúdo ensinado também não a preparou para o Enem e vestibulares.
O Ministério finaliza as caravanas por todo o País no dia 15 de setembro. A previsão é de que o lançamento do Plano Nacional da Juventude Negra Viva seja em 20 de novembro de 2023, Dia da Consciência Negra.
(Top Mídia News)