Ranking das queimadas em Mato Grosso mostra que focos de incêndios cresceram quase 90%

Incêndio no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães durou nove dias – Foto: Reprodução/ICMBio

Mato Grosso lidera o ranking de incêndios florestais no País em 2019. Os focos de calor aumentaram 87% no Estado entre 1º de janeiro e 19 de agosto deste ano na comparação com o mesmo período de 2018. A informação é da ong Instituto Centro de Vida (ICV).

Os dados apontam que foram registrados 13.682 focos de calor em 2019, enquanto que em 2018 foram 7.316.
Em segundo lugar está o Pará (9.487 focos), seguido do Amazonas (7.003) em terceiro.

  Durante o período proibitivo – que começou dia 15 de julho e segue até 15 de setembro – já foram contabilizados 6.232 focos. É 205% a mais que no ano anterior, que registrou 2.045 entre o dia 15 de julho e 19 de agosto.

Colniza é o município onde mais foram registrados incêndios florestais, com 1.076 casos computados pelo ICV. Isso representa 8% de todos os focos de calor do Estado. Em segundo lugar está Feliz Natal, com 478 queimadas desde o primeiro dia do ano (veja o ranking abaixo).

O coordenador do Núcleo de Geotecnologias do ICV, Vinícius Silgueiro, acredita que as mudanças feitas pelo Governo Federal no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) são a principal justificativa para o aumento de queimadas.

“O que a gente vê é que esses ataques que o Ibama sofreu desde o final do ano passado enfraqueceram bastante a capacidade de fiscalização do órgão e também aumentaram a sensação de impunidade”, afirmou.

Ele cita o chamado “Dia do Fogo”, que teria sido promovido por produtores rurais para incendiar áreas a Floresta Amazônica, como uma das consequências da falta de fiscalização.

“Aqui na cidade de Novo Progresso [PA] foi organizado o Dia do Fogo, entre 10 e 11 de agosto. Uma ação organizada para atear fogo nas áreas da região justamente por causa da perda do poder de fiscalizar nesse ano”.

Ainda conforme Silgueiro, outro fator que contribuiu para o aumento dos focos de calor no Estado foi o impasse a respeito do Fundo Amazônia, cujos maiores doadores, Noruega e Alemanha, anunciaram a suspensão dos repasses dos recursos. O dinheiro do fundo é usado para ações de preservação ambiental.

“Sessenta por cento dos recursos do Fundo Amazônia vão para ações de nível federal, estadual e até municipal. Mas especificamente para as ações de fiscalização do Ibama e também de combate ao fogo”, explicou Silgueiro.

De acordo com o especialista, os recursos do fundo auxiliavam na aquisição de aviões, por exemplo, para o combate aos incêndios florestais. Vinícius alerta que, sem esse dinheiro, a situação das queimadas pode piorar.

Outro fator que contribui com o alto índice de focos de calor são as queimadas feitas por proprietários. Conforme os dados do instituto, 60% dos incêndios estão concentrados em áreas privadas registradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), 18% ocorrem em áreas não cadastradas e 16% em terras indígenas.

“Elas [propriedades privadas] dominam a maior parte do Estado. Esse é o primeiro ponto. Segundo que a gente sabe que o fogo é uma prática adotada ainda para limpeza de áreas. É uma pratica arcaica, mas ainda é uma prática muito utilizada por boa parte dos produtores porque é barata”, explicou Vinícius.

Veja abaixo os municípios de Mato Grosso com maior índice de queimadas:

(Por Bianca Fujimori, do Midianews)

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